quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dever de casa

“Casa foi feita para nós descansarmos e não para fazer dever da escola” – palavras de um pilantra.
Educação
Uma das formas de fixação de uma matéria exposta em sala de aula por um (a) professor (a), a fim de exercitar o raciocínio, o sentido de dever/responsabilidade e despertar a autorrealização ao fazer uma tarefa que nos leva ao sucesso é o “Dever para a casa”. Porém, muitos dos discentes se recusam a fazer por inúmeros motivos.
No final da década de 1990 ao início deste novo Século o dever de casa foi motivo de discussões acaloradas e sem propósito, pois de um lado estava a preguiça dos alunos, o mau-caratismo dos pais e a mídia insidiosa, do outro lado estavam professores, diretores, pedagogos, psicólogos, alunos e pais honestos e austeros. Nesta discussão havia um embate sobre o papel da casa, do tempo disponível dos jovens em casa e o discurso retórico e tirânico sobre a transferência total da educação dos jovens para as escolas.
Nossa casa é o nosso lar, nosso refúgio que nos fortalecem, nos reenergiza e nos remete a um estado de espírito que nos conduz a tranquilidade e à um estado de concentração para realizarmos as tarefas que nos foram delegadas pelos docentes a fim de exercitarmos nossos raciocínios e fixarmos os conhecimentos em nossas mentes. Durante estas tarefas temos a ajuda de nossos pais, tios, irmão primogênitos ou “superdotados”, avós e tutores, que nos orientam com o intuito de participar do progresso de aprendizado e autorrealização. Desta forma não há desculpas para não fazermos os deveres de casa.
A menos que sejam pais desleixados ou comprometidos com a pilantragem, a vagabundagem e o mau-caratismo. Desta forma temos um problema com a educação ou o processo de aprendizagem.
Com relação à retórica sobre o tempo dos jovens em casa, mais precisamente sobre a ausência de tempo, que não passa de uma retórica dialética com o intuito de defender a indolência dos jovens e incentivar o hedonismo destrutivo, como uma forma de diversão e legitimar as vicissitudes dos pais e jovens, com o respaldo defensivo dos advogados comprometidos com o seus bolsos e com o alinhamento ideológico com o crime. Pois uma vez uma jovem formada em direito com o intuito de se desfazer dos professores havia dito de forma sarcástica:
Existe profissão mais odiada que professor?”
Tal expressão demonstra o alinhamento ideológico e amoral deste típico de advogado1 e da sociedade em geral.
Retornando a questão dos pais, que devido à “impossibilidade de tempo” e da incapacidade de alguns pais na educação dos seus filhos, os pais transferiram esta tarefa, de forma tirânica e desonesta, para a escola, exigindo sucesso e a manutenção do mau-caratismo dos filhos, como nos foi mostrado no filme “O Clube do Imperador”, em que um professor comprometido com o processo civilizatório ocidental e com a sua profissão de educador se viu impedido de fazê-lo com o filho de um senador, que o havia enquadrado na educação moral do filho deste. Interrompendo o processo educacional de lapidação moral daquele que seria um grande cidadão.
Assim como este senador, o resto da sociedade assim o é, ou seja, uma sociedade imoral e oclocrática. Tais pessoas precisam saber o que estão fazendo – a destruição dos valores éticos e morais legado pelos gigantes de antanho – e depois exigem soluções como um bando de falso-moralistas e tagarelas. Mas os pais precisam se conscientizar que a escola é a parceira na formação da Paidéia, ou seja, transmitir os conceitos científicos e civilizatórios em conjunto com a família.
Para aqueles que têm esta dificuldade em tentar fazer o dever de casa com o (a) filho (a), existe uma alternativa. O segredo é conduzir o dever de casa como um dever a ser cumprido ou como um divino ócio2.
Sabedoria
Notas:
1  N.A. (Nota do autor) – Existem advogados compromissados com a defesa da Lei, da ordem, da justiça, da civilização e da verdade. Embora sejam raros, são dignos de nosso respeito e admiração.
2  N.A. - Divinos Ócios – ideia defendida por Platão na divisão de tempo e de tarefas. Os Divinos Ócios são tarefas que fazemos melhor em concordância com a nossa vocação e âmago.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Mitologia e História: E os heróis míticos.

“Lendas são lições que carregam a verdade”. - Trecho do desenho de animação “Valente”- Pixar/Disney.
 
A mitologia é o conjunto de lendas e canções que narram ações de um passado imemorial. Verdadeiras epopeias em que lições são tiradas dos contos e que para nós historiadores se tornaram uma fortíssima pista sobre as mentalidades dos homens de antanho, a construção de nosso modo de vida atual, a compreensão dos fenômenos que nos cercam e a metafísica neles desveladas.
Os mitos sempre foram tratados como fatos, pois muitos deles tem pontos semelhantes quando são contados através de outros pontos de vista de outros povos – como Atlântida, o Dilúvio e os contos de Gilgamesh – e portanto aconteceram, mas como haviam se passado tanto tempo e restou fragmentos de memória se tornaram, então, lendas.
E como disse uma vez no desenho de animação “Valente” da Pixar/Disney:
Lendas são lições que carregam a verdade”.
Embora os historiadores e filósofos atuais afirmem desde de o período da Renascença que os mitos são Lendas de feitos heroicos, em que os heróis, possuidores da natureza divina, transcendem seus invólucros materiais a fim de alcançar a sua divindade através de suas ações majestáticas e corajosas, em que enfrentam perigos mortais e aterradores, para libertar o seu povo do perigo e do Mal – como nos contos de Hércules, Teseu e Perseu.
Ou de combates entre nossas naturezas interiores a fim de sobrepujar as ilusões e vivenciarmos a plenitude de nossa alma imortal, o caminho da Sabedoria (Prajna), a fim de rompermos com nossas amarras Kármicas de nossas Rodas de Sansara e lutarmos corajosamente em prol da Justiça (Maat), fazer aquilo o que precisa ser feito – como no relato da Batalha de Kurukshtra (Bhagavad Gita), em que Krshna tenta aplacar a angústia do Príncipe Arjuna, ou nos contos do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, homens que apesar de viverem na Idade Média nas Ilhas Britânicas pós-domínio romano, vivenciaram o código da Cavalaria e foram honradas na defesa dos fracos e oprimidos e na busca do Santo Graal.
Tais realidades fantásticas nos inspiram a trilharmos a nossas vidas de forma corajosa e viver de forma honesta, seguirmos o Dharma, sem nos macularmos com as ilusões deste mundo. Portanto devemos ter um pouco mais de carinho e apreciação com o Mitologia e comparar as estórias contadas, com o intuito de enriquecer nossas vidas de forma a vivermos a moralidade e sermos austeros e corajosos como os heróis das Lendas. Devemos levar em consideração que os Heróis míticos são diferentes dos heróis históricos, mas que os primeiros serviram de inspiração para os segundos, assim com os heróis místicos. E assim devem ser para nós, em nossa geneaologia espiritual, mental e cotidiana.