domingo, 2 de agosto de 2015

Os males da democracia.

Dos episódios I ao III de Guerra nas Estrelas, o autor George Lucas fez uma crítica sútil a fraqueza da democracia.1
A democracia apresenta infinitos postos fracos em suas estruturas. O próprio Platão criticou a democracia ateniense, em virtude desta forma de governo ter condenado a morte Sócrates, um homem sábio e honesto, além de sempre voltar atrás em uma decisão tomada e privilegiar a quantidade em detrimento da qualidade. Através destes pontos citados pelo sábio de Atenas é que podemos tecer a nossa crítica.
Primeiro ponto: O julgamento e condenação de Sócrates nos mostra, segundo Platão, que a democracia sempre execra, ostraciza e, quando for conveniente, executa os sábios, os virtuosos e os dignos a fim de silenciar os exemplos morais humanos.2
Segundo ponto: Quando é votado ou escolhido um projeto que irá guiar os povos no caminho da civilização e trazer benefícios a sociedade, volta-se atrás a situação, que é deixada no limbo ou na entropia, gerando dores desconfortos e descontentamentos. E pela falta de seriedade deste regime as leis não são cumpridas.
Terceiro ponto: É um regime que tem compromisso com a quantidade a fim de obter respaldo numérico em detrimento da qualidade, ou seja, a coerência e a sabedoria. Pois, discursa-se para as massas, falando aquilo o que o povo quer ouvir, sem compromisso com a Paidéia e com a Justiça.
Porém, acrescentemos mais algumas críticas sinceras e coerentes a democracia.
Os fenômenos históricos do Iluminismo e da Revolução Francesa haviam dado uma nova roupagem para a democracia, mais abrangente, mais deturpada e mais perigosa, em virtude de revestir de arrogância a plebe3, que para Ortega Y Gasset a democracia contemporânea é uma hiperdemocracia, em que a plebe age por meio de pressões materiais para seus apetites insaciáveis sejam atendidos,4 ou seja, os seus prazeres obtidos sem herdar as angústias e as responsabilidades de sua participação leviana, ingrata e mimada.5 Neste ponto observamos para a oclocracia, devido a abertura decadente que este regime político caminha.6
assalto a casa do marquesdestruição da Biblioteca da Alexandria
Outro grande mal da democracia é a participação obrigatória dos povos, tanto para eleger como para ser eleito7, pois a participação inclusiva obriga a todos que possuem forma humana a participar no processo eleitoral, seja ele um adolescente ou um analfabeto, pois perante a lei eleitoral, todos são cidadãos e esta cidadania eleitoral é estendida a esta massa8 massa amorfa e bestializada e aos criminosos, estejam eles encarcerados ou livres para cometer crimes na véspera do dia da eleição.
Em virtude do processo eleitoral não possuir critérios para candidatos, qualquer um ou qualquer coisa pode se candidatar para a política, não precisa ter méritos, virtudes ou coerência, aliás, virtuosos e sábios são excluídos desta sociedade, pois representam uma ameaça ao Modus Operandi da democracia. Para ser eleito, basta discursar o que a plebe deseja ouvir, bajulando e enaltecendo os seus desejos desnecessários, tornando-se “amigo das massas”, ou seja, ser um demagogo, sem preparo, sem estofo, sem lapidação, sem refinamento e sem verniz.9
Devido a retórica em que “a democracia é um regime em eterna construção” é que se esconde a sua fraqueza, utilizando o recurso da imagem de variadas formas, cores, posições e matizes que trazem a ideia de beleza nas variedades apresentadas ela ilude co sua ideia de liberdade e diversidade em um governo em que todos mandam em detrimento do Bom Senso e das Leis Naturais. Neste regime manda as multidões e sua eterna fome e seus instintos bestiais.10
Como foi dito anteriormente, a democracia é uma forma de governo em que, devido a sua fraqueza e corrupção, tende a abrir as portas para as tiranias oclocráticas (de esquerda), tiranias plutocráticas (oligarquias oportunistas, fascismos e, a emergente, teocracia fanática monoteísta ou clerocracia fundamentalista, sempre através de golpes de Estado, mesmo tendo o aval eleitoral numérico da democracia).
Infelizmente, caro(a) leitor(a), a democracia é a decadência da oligarquia e o arauto da oclocracia11 e, como foi, exposto por George Lucas, a democracia tem fraquezas que coloca em risco a sua frágil existência.
Sendo assim, a democracia é uma forma de governo que se consolidou graças a Revolução Francesa e que se tornou única no mundo devido a sua violência e do enfraquecimento das oligarquias, Timarquias12 e Aristocracias, estes regimes são incompreendidos pelo povo e pelos homens contemporâneos. Mas, a democracia é o único regime que aparece para nós.
Isto é uma piada

Notas e referências bibliograficas:

1N.A. (Nota do autor) - No terceiro episódio o Sith Darth Sidious aplicou um Golpe de Estado em virtude da fraqueza e da corrupção do senado da república galáctica, porém os Jedis Yoda e mace Windu dialogam em derrubá-lo e controlar provisóriamente o governo da galáxia, ou seja, um Golpe de Estado instaurando um ditadura como nos moldes da Roma Antiga. Porém, a série mostra os passos dados para este acontecimento.
2PLATÃO - A República – Editora Martin Claret – São Paulo – S.P. - 2012 – págs. 251 a 259.
3ORTEGA Y GASSET, José - A Rebelião das Massas – Martins Fontes – São Paulo – S.P. - 2007 – págs. 95, 281 e 282.
4ORTEGA Y GASSET, José - Op. Cit. – págs. 47, 48, 53 e 89.
5ORTEGA Y GASSET, José - Op. Cit. – págs. 133 a 135. PLATÃO – Op. Cit. – págs. 253 e 259. GRACIAN, Baltazar - A Arte da Prudência – Editora Martin Claret – São Paulo – S.P. - 2009 – págs. 107 a 108.
6FERACINE, Luiz - Cícero – O maior filósofo latino – Editora Escala – São Paulo – S.P. - 2011 – pág. 69. N.A. (Nota do Autor) – Ver artigo referente a oclocracia:http://www.gostodeler.com.br/materia/17904/oclocracia.html
7REMOND, René - O Séc. XIX: 1815 - 1914 – Editora Cultrix – São Paulo – S.P. - 1997 – pág. 77.
8REMOND, René - Op. Cit. – págs. 61 a 65, 68 e 69.
9PLATÃO – Op. Cit. – pág. 255.
10PLATÃO – Op. Cit. – pág. 254.
11PLATÃO – Op. Cit. – pág. 254.
12N.A. - Timárquia ou Timocracia é o regime em que o valor da coragem, aos valores militares e do culto ao lider prevalecem Ver em PLATÃO – Op. Cit. – pág. 232 a 237.