O Jainismo é uma religião e sistema filosófico indiano, supostamente, ele foi anterior ao budismo, porém se consolidou no período do Buddha Shakyamuni através de pregações do fundador Vardhamana, também chamado de Mahavira ou Grande Herói.[1]
Os jainistas são um grupo comparativamente pequeno, contudo é uma comunidade poderosa e influente na Índia em virtude pela pureza de vida e da riqueza de seus membros, que em sua maioria são mercadores e comerciantes.[2] Eles se dividem em dois grupos: Os s’vetambaras (“vestidos de branco”), estes mais flexíveis e heterodoxos no que se refere à ascese e aos mandamentos, e os digambaras (“vestidos de céu”)[3], defensores ferrenhos do princípio de não-violência (Ahimsa) e cujo asceticismo afeiçoa aos seguidores a se despojarem de vestimentas.[4]
Existe uma questão com relação à casta que os separa do Hinduísmo. O Somnyasi[5] jainista pode vir de qualquer casta, não estando restrito como no Hinduísmo ortodoxo, ou seja, não necessariamente ser um da casta dos brâmanes, muito pelo contrário em sua maioria são oriundos da casta vaishya (mercadores e comerciantes).[6]
Os jainistas atendem os mesmos ciclos amplos de tempo em que ocorre no hinduísmo, o que nos leva a pensar em uma confluência de conhecimentos entre o hinduísmo e o jainismo, ou mesmo uma forte influência de hinduísmo no jainismo, referente a esta cosmogonia dos Yugas.[7] Ao contrário do budismo que não possui uma cosmogênese, embora o jainismo tenha alcançado durante as pregações do Buddha Shakyamuni.
Sendo que no hinduísmo os homens perfeitos são os avatares, no jainismo aceita-se que em cada ciclo vinte e quatro profetas[8] vem ao mundo para instruir a humanidade, nesse ponto as semelhanças com o budismo com relação aos Buddhas, mas precisamente aos Manushi Buddhas (Buddhas de raça humana), mas no caso do jainismo estes homens perfeitos, capazes de instruir a humanidade ao caminho da salvação são chamados de Jinas.
Tais Jinas são citados no Kalpa Sutra, sendo o último ou vigésimo-quarto Jina a ter sua vida com algum detalhe. Aquele que foi chamado de Mahavira, sendo o último representante dos instrutores do mundo.
Os jainistas se distinguem pela tendência para a classificação de entidades quanto aos tipos de conhecimento, o que lhes confere uma tolerância religiosa maior.
Com relação ao Mahavira, considerado como o último Jina, ele teria nascido um filho de um rei kshattriya de nome Sidharta[9]. O nascimento mítico de Mahavira se deveu a orientação de Indra, o Rei dos Devas, a nascer em um berço da casta kshattriya a fim de ser o instrutor para o mundo. Seu nascimento fora marcado por sinais de alegria e deleite e sua família havia crescido em riqueza e poder, esta criança jubilosa fora chamada de Vardhamana (ampliador da prosperidade da família).[10]
Quando menino e, depois, jovem, fora sempre amável e obediente, embora dentro de seu âmago se lembrar do voto feito, há muitas vidas, de renunciar a tudo para alcançar a iluminação e se tornar um salvador do mundo. Ele espera a morte de seus pais a fim de não magoá-los para fazer se afastar de sua vida de confortos e seguir uma vinda mais austera.[11] O que nos remete, esta atitude, de abdicação do Príncipe Sidhartha, Jesus e São Francisco de Assis em que eles saem do conforto de seus palácios e de suas vidas confortáveis para seguir o que podemos chamar de Dharma ou o mistério que clama em certas almas para uma vida de simplicidade e de caminho místico.
Com relação as contribuições do jainismo destacamos a literatura, como podemos citar o Adipurana de Pampa, que relata do primeiro dos Tirthankara e muitos outras obras.
Podemos assim concluir que o jainismo teve uma grande importância em virtude de seus seguidores e monges levarem uma vida mais virtuosa e pura.[1] Enciclopédia Novo Século – Editora Visor – pág. 1264.
[2] BESSANT, Anne – Sete Grandes Religiões – Ed. Teosofica -2000 – Adyar – Chennai - Índia – pág. 101.
[3] N.A. (Nota do Autor) – O termo vestido de céu significa sem roupa.
[4] Enciclopédia Novo Século – Idem.
[5] N.A. (Nota do Autor) – Somnyasi, asceta devocional.
[6] BESSANT, Anne – Op. Cit. – pág. 102.
[7] N.A. (Nota do Autor) – Yuga: eras ou eternidades, são ciclos cósmicos de criação e destruição de um Kosmos.
[8] N.A. (Nota do Autor) – Estes vinte e quatro homes perfeitos são chamados de Tirthamkaras
[9] N.A. (Nota do Autor) – Não confundir com o Príncipe Sidhartha, que foi o Buddha.
[10] BESSANT, Anne – Op. Cit. – pág. 102.
[11] Idem – Ibidem.