Uma
das questões que nós historiadores abordamos na História é o uso
da fotografia como documento histórico e como arte visual. Embora,
ocorra uma discussão sobre qual é o verdadeiro ponto da vista deve
ser abordado1.
O presente artigo tentará abordar de forma holística este fenômeno
visual oitocentista.
O
primórdios da fotografia ocorreram em virtude das descobertas
científicas nas áreas da ótica e da química a fim de buscar uma
maneira de fixar uma imagem da realidade sobre um material estável,
ou seja, capturar uma imagem.
Em
1826, Joseph-Nicéphore Niépce2,
fez a primeira impressão em uma placa de estanho polido, com peltre
revestidas de betume da Judéia, após oito horas de exposição,
cuja imagem era uma vista nublada do pátio de sua casa em Grás3.
Em
1837, Louis-J. M. Daguerre4,
colaborador de Niépce, substituiu o betume da Judéia por Iodeto de
Prata com vapores de Mercúrio nas placas, tal processo obteve a
imagem do ateliê de Daguerre, de forma estável e com o tempo
reduzido de exposição entre dez a quinze minutos. Esta técnica de
captura de imagem passou a ser chamada de Daguerreótipo, sendo em
1839 a primeira imagem capturada de um ser humano em um boulevar
parisiense. Sendo o Daguerreótipo o precursor da fotografia5.
Ainda
em 1839, William Talbot6
aperfeiçoou o processo com uma uma invenção dele os Calotipos
– os Negativos. Em 1851, a chapa molhada reduziu o tempo de
exposição e produziu impressões quase tão precisas quanto os
Daguerreótipos. Em 1858, a fotografia instantânea substituiu o
daguerreótipo, a partir de 1880 as câmeras portáteis e o filme de
rolo tomaram a cena7.
Dentro
deste processo de aperfeiçoamento da fotografia ocorreu categorias
de fotografia das quais destacamos neste artigo:
Fotografia Documental
– estilo inaugurado por Jacob Riis, que retratou as condições
tenebrosas na zona sudoeste de Manhattan (New York)8.
Neste caso, as fotografias se tornam imagem/documento, em que se
registra a imagem como informações de um período histórico em um
espaço físico, com uma natureza própria com a composição de
pessoas, conjugadas as circunstâncias apresentadas9.
Fotografia de Arte
– categoria iniciada por Julia M. Cameron, que captou em suas
fotografias a beleza ideal, através de lentes especiais, que
produziam efeitos de foco capturando e definindo a personalidade em
retratos intensos e os sentimentos de seus modelos10.
Nesta categoria, que se enquadra com fotografia Artística, podem ser
consideradas como imagem/monumento a fim de deixar um legado perene
para o futuro como um mensagem deixada de uma época de uma imagem
que ficou registrada como o ideal de arte11.
Fotografia-retrato
– Esta categoria retratava personagens ilustres, por Nadar, que
concebia a pose dos modelos e utilizava iluminação elétrica de
maneira a enfatizar o caráter de seus modelos. Contudo, este estilo
não ficava preso ao retrato documental, pois estava entre as duas
categorias supra-citadas12.
Desta
forma a fotografia é arte e documento histórico em que se faz
fundamental a guarda e a utilização da imagem a fim de dialogar com
o passado e observar a beleza capturada de uma pessoa ou momento ou
paisagem e na leitura de memória e da identidade cultural da
humanidade. Pois a fotografia é uma mensagem não-verbal utilizada
na representação social no tempo e no espaço13.
E desde seu surgimento as artes tomaram outro rumo, muitas vezes
servindo de base para pintores e influenciando no surgimento do
Impressionismo14.
Notas e referência bibliograficas:
1N.A.
(Nota do autor) – exite uma discussão sobre a fotografia, se ela
deve ser usada como arte ou como documento histórico em virtude do
uso constante como recurso de leitura visual na História. CIAVATTA,
Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- A Leitura de Imagens na Pesquisa
Social: História, comunicação e Educação – in MAUAD, Ana
Maria – Fotografia e História: possibilidades de análise –
São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, pág. 19, 38 e 39.
2Joseph-Nicéphore
Niépce (1765 – 1833) químico francês.
3Enciclopédia
Grande História Universal: O século XIX: Ciência e Técnica
– Rambla de Catalunya – Barcelona (Espanha) – Ediciones Folio,
2007, pág. 48. e STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Arte Comentada –
Rio de Janeiro – R.J. - Ediouro, 2002, pág. 92.
4Louis
J. M. Daguerre (1789 – 1851), outro francês e colaborador de
Nicéphore Niépce.
5Enciclopédia
Grande História Universal: O século XIX: Ciência e Técnica
– Rambla de Catalunya – Barcelona (Espanha) – Ediciones Folio,
2007, pág. 49. e STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág.
92.
6William
Henry Fox Talbot (1800-77), inglês.
7STRICLAND,
Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 92.
8Jonh
Riis (1849 – 1914) foi repórter de Polícia em New York.
STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 94.
9CIAVATTA,
Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- Op. Cit. – in MAUAD, Ana
Maria – Fotografia e História: possibilidades de análise –
São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, págs. 22 e 33.
10Os
modelos de Júlia Margareth Cameron (1815-79), eram pessoas famosas
do período vitoriano (Séc. XIX). STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op.
Cit., pág. 92.
11CIAVATTA,
Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- Op. Cit. – in MAUAD, Ana
Maria – Fotografia e História: possibilidades de análise –
São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, págs. 22, 32 e 34.
12Nadar(1820
– 1910), caricaturista francês, foi o primeiro a utilizar luz
elétrica no processo de fotografia, ou seja, a captura da imagem.
STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 94.
13CIAVATTA,
Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- Op. Cit. –
in CIAVATTA, Maria – Educando o trabalhador da grande “família
da fábrica”. A fotografia como fonte histórica. – São
Paulo – S.P. - Cortez, 2004, págs. 22, 32 e 34.
14STRICLAND,
Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 95.
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