quinta-feira, 26 de março de 2015

História Cultural: o Rock n’ Roll brasileiro da década de 1980.

Um retrato cultural da juventude da década de 1980 no Brasil.
A década de 1980 no Brasil foi caracterizada pela transição dos governos militares para a “democracia”, medo e acirramento da Guerra Fria, resquícios da Revolução Sexual, consolidação do modelo capitalista, AIDS, Rock in Rio e o surgimento fortificado do Rock brasileiro.
Esta modalidade musical, o Rock n’ Roll, foi adotado pelos jovens brasileiros daquela época em virtude do processo de distensão do Regime Militar, que desejava desde as épocas do Marechal Castelo Branco, os Generais Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo, e da angústia juvenil perante as ameaças de ataque nuclear dos dois blocos vigentes na Guerra Fria – capitalismo e socialismo ou Mundo Livre e Cortina de Ferro -, o fim do Sonho Alternativo juvenil e o movimento Pós-Punk(Darks). Que consolidou a angustia e depressão da juventude, cujas expectativas eram quase nulas ou distópicas.
Contudo o Rock no Brasil possui em suas características a contestação, a rebeldia e a angústia, esta última era uma influência oriunda do Rock e da juventude estrangeiros.
Pois, tanto o Rock quanto os movimentos juvenis tiveram origem de fora do Brasil, que por sua vez recebeu e adaptou a sua realidade, embora, os movimentos e os participantes fossem vistos como alienígenas ou outsiders.
Este fenômeno ocorria em virtude do contato das classes médias altas e altas com o exterior, que traziam as informações e tendências da juventude. Como a juventude, geração do presente autor, estava no contexto da década de 1980, que recebeu toda a carga de informação e sentimentos do Pós-Punk e do recrudescimento da Guerra Fria, com o medo no coração do homem comum da ocorrência de uma 3ª Guerra Mundial e do uso de armas nucleares, que extinguiriam a vida no Planeta. É a partir desta conjuntura que gerou a juventude no Brasil que expressou a sua angústia através da música, especificamente o Rock n’ Roll, cantada na língua portuguesa.
Para que o (a) honrado (a) leitor (a) possa compreender o movimento Pós-punk, este surgiu na Inglaterra entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980. Tal movimento juvenil se originou do movimento do fim do movimento Punk, cujo lema era “o princípio do fim”, pois a visão sobre a sociedade e da juventude eram pessimistas e distópicas e tudo era motivo de protesto e agressão, com o intuito de espelhar o que a sociedade realmente era. Mas, como eles mesmos, os punks, haviam dito era o princípio do fim, do qual chegou através da melancolia, da apatia, das expressões soturnas, do novo ultra-romantismo e da estética neo-gótica dos pós-punks – darks – que externavam as qualidades supra-citadas e das nulidades de esperanças e alegrias.
Cantavam suas angústias juvenis a fim de mostrar a realidade intimista da juventude daquela atualidade. Porém, como toda geração juvenil gera seu mártir a deles foi o cantor e compositor inglês Ian Curtis, da Banda Joy Division, que cometeu suicídio em sua casa em 18 de maio 1980. Suas obras deixaram legado para a juventude principalmente para as bandas de rock brasileiras.
Retornando ao nosso tema, o movimento pós-punk influenciou os grupos brasileiros de Rock n’ Roll, que mantiveram o Modus Operandi musical e temático cantando as angústias juvenis em um momento de abertura política no Brasil. Contudo, como nos afirma a farmacêutica Maristela Burti: “Saímos de uma ditadura para entrarmos em uma anarquia”. Tal declaração está coberta de coerência e recheada de razão.
Com relação ao Rock brasileiro este apresentava em seu conteúdo humor, vibração, e energia. Embora, cantava a as frustrações e angústias de nossa juventude das classes médias. Pois, muitas das bandas eram de origem social mais abastada e traziam as tendências musicais e juvenis de fora do país e eles conquistaram os jovens da década de 1980, que se identificavam com as estórias, poemas e fábulas cantadas por esses grupos musicais.
Atualmente as musicas daquela época são massivamente apresentadas nas “Festas Ploc”, que são tributos realizados por, hoje, homens e mulheres feitos, que um dia foram jovens na transição da 4ª para 5ª República, do surgimento do movimento pós-punk, da conjuntura do final da Guerra Fria, expressando suas nostalgias, memórias e alegrias através desses encontros supra-citados.
Portanto, a História também se faz com festas e músicas. Ficou saudoso (a) leitor (a)? então vá ouvir os discos ou CD’s das músicas de nossas épocas.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Década de 1970 – O contexto musical do Brasil: o Estrangeirismo.

Entrevista concedida por uma química que viveu o contexto musical da década de 1970 no Brasil.

História
Em um diálogo informal sobre o cenário musical no Brasil durante a década de 1970, a química Dulciléia de Souza Rangel nos desvela uma realidade sobre o contexto das músicas mais apreciadas, mais ouvidas e mais dançadas daquele período.
Ressaltamos neste presente artigo que a senhora Rangel, foi estudante universitária naquele período, mas não teve envolvimento com movimentos estudantis, ela foi uma entre muitos estudantes universitários que tomaram conta de suas vidas e se empenharam em estudar para ter um futuro brilhante na vida.
Anos 70
Apesar de ser solteira e não ter filhos, hoje ela é servidora pública municipal, mas já atuou na área industrial química farmaceutica na cidade do Rio de Janeiro.
A nossa entrevistada apresentou um vídeo referente a década abordada. De maneira expontânea a senhora Rangel inicou o dialogo:
Dulcileia Rangel: “Roberto. “Você sabe o que realmente vigorou no cenário musical na década de 1970? Foi o estrangeirismo. Ou seja, o gosto por músicas internacionais.”
Gosto de Ler/Roberto Bastos: “Como assim? Por favor nos explique melhor como ocorreu este fenômeno.”
D.R.: “A verdade é que vigorou muito mais o gôsto por músicas internacionais – anglofonas – em detrimento da música nacional. As pessoas curtiam mais um B.J.; Thomas, um Bee Gees, um Johnny Mathis, um Peter Frampton, ou até mesmo, um Eagles. Pois as músicas agradavam muito mais do que as nacionais, além de serem consideradas como de bom ‘tom’ e gosto refinado”.
G.L/R.B.: “Entendo. Pelo que você nos conta o gôsto por músicas de língua inglesa eram mais intensos nesta época...Isto é revelador!!!”
D.R.: Muitos artistas, musicos, brasileiros para se lançarem no cenário da música tiveram que cantar em inglês e até adotou nomes ingleses para fazerem sucesso”.
G.L/R.B.: (Risos)Sério?
D.R.: Um deles, Roberto, foi o Fábio Jr. que cantou a núsica Don’t Let Me Cry e adotou o nome de Mark Davis. Fora outros casos que ocorreram no Brasil. Christian da dupla Christian & Ralph”.
G.L/R.B.: O Fábio Jr. eu já sabia, mas o teu relato traz a veracidade histórica necessária para narrar a verdade cultural da década de 1970 e manter a memória acesa”.
D.R.: E essa é uma verdade que esta sendo esquecida e ocultada”.
G.L/R.B.: Você sabe o motivo?
D.R.: Acho que é para super-valorizar a geração atual”.
Assim encerrou este diálogo que hoje é apresentado a vós, leitores, com a concessão da química Dulciléia de Souza Rangel, que vivenciou aquela época.
Portanto, os testenunhos em História são necessários para manter a memória e narrar o que aconteceu através dos discursos daqueles que presentciaram e atuaram em uma época dinâmica no Brasil.