sábado, 22 de dezembro de 2012

O Budismo e a política.

Política, religião, artes e ciências são os pilares para a construção de uma civilização. O Dharma exposto pelo Buddha é o verdadeiro objetivo dos homens honrados que deveriam dirigir os povos.
Normalmente as pessoas perguntam qual é a posição do Budismo e dos budistas com relação a política, em virtude de um imaginário popular, que as pessoas têm com relação a uma postura calma e tranquila dos seguidores budistas sobre este assunto. Todos sabem o que é a política. É a arte de conduzir os povos rumo as realizações mais elevadas, como nos falavam os sábios de antanho e como nos mostram as arquiteturas sagradas das pirâmides (egípcias e mesoamericanas) e zigurates. Pois o objetivo é propiciar o impulso necessário para a realização do ser humano na sua iluminação e na promoção do bem e da justiça. Como foi explicado no último parágrafo do artigo”Budismo & Cidadania”, o budismo não tem pretensões políticas, mais precisamente, político-partidária, pois o objetivo é estar acima da política, ou seja, ser supra política, norteando os homens com seus ensinamentos, baseados na Lei de Causa e Efeito, a um direcionamento nas ações corretas. O posicionamento do budismo frente a política é de apoio ao melhor, ou seja, ao mais sábio e virtuoso que irá governar os recursos e a sociedade, como nos dizia Platão, em sua obra a República. Desta forma o budismo apoia a verdadeira aristocracia. Pois são os homens virtuosos que possuem a condição e potencialidade para conduzir os povos. Contudo, na ausência de homens virtuosos e sábios o budismo retira o apoio e se abstêm da política em virtude da postura contrária aos corruptos e imorais, que ansiosos por controlar a sociedade e famintos pelo poder trazem mazelas terríveis para a sociedade. E as tradições budistas não são coniventes com esta conjuntura. Uma das questões que o budismo aborda com relação a política é a sua atuação dentro do processo civilizatório, pois o Dharma é o caminho para a realização dos homens na sua elevação espiritual. Mesmo com sua retirada na política em virtude do descaminho ocorrido, os budistas compreendem e respeitam a necessidade da política para os homens comuns, mas com a conjuntura decadente e oclocrática ocorre uma oposição aos regimes corruptos.
Os ensinamentos do Buddha Shakyamuni nos mostram que são as ilusões e os desejos que movem os homens para as realizações, porém o apego as ilusões é que distorcem os caminhos e levam as sociedades a decadência. O Buddha nos adverte:”Percebam que este mundo é impermanente, que as nações são inseguras e instáveis...”. Principalmente nos momentos de decadência gerada pelas paixões e ilusões, que nos desviam dos caminhos corretos e seguros para as missões que temos em vida.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Astrologia/Astronomia - As anãs marrons.

O Universo não para de nos surpreender com seus fenômenos. Eis que descobriram as Anãs Marrons, estrelas que não chegaram a ser estrelas, mas que também não são planetas.
Muitos fenômenos astronômicos/astrológicos nos passam despercebidos, pois nem sempre contemplamos os céus com o devido merecimento, atenção, respeito e cuidado. Porém alguns deles só podem ser observados através de potentes telescópios, embora os astrólogos/astrônomos/astrosofos da Antigüidade conseguissem observar os astros a olho nu, esta técnica ficou perdida e nós homens contemporâneos não sabemos como observar os fenômenos a olho nu. Até por que as luzes de nossas cidades à noite ofuscam as nossas visões ao olharmos para os céus. Um desses fenômenos observados pelos astrônomos contemporâneos, através de telescópios potentes, é o fenômeno das Estrelas Anãs Marrons. Estes são corpos celestes de pouca luminosidade, mas atraem a atenção de nossos cientistas (astrônomos e astrofísicos), em virtude de serem astros de peso maior que um planeta e menos compacta do que uma estrela, ou seja, um intermediário entre os Gigantes Jovianos (Planetas como Júpiter e Saturno - gigantes gasosos) e as Estrelas, propriamente ditas.
Isto se deve ao fato de não conseguir fazer fusão do hidrogênio, em virtude de não possuírem massa suficiente para dar a ignição a essa fusão. Passam então a realizar fusão de deutério, um isótopo do Hidrogênio. Esta fusão lança energia suficiente que rebate a força de sua própria gravidade, o que as fazem brilhar, porém esta luz é fraca e avermelhado (escuro), ficando na faixa do infravermelho, desta forma. Com término do deutério a contração continua, que passa a aumentar a pressão térmica do núcleo, este por sua vez se opõe à força gravitacional deste corpo celeste. Normalmente estas estrelas anãs se situam em sistemas binários, em que dois corpos celestes gravitam em torno de um centro gravitacional, ás vezes pode ser achada solitariamente.
Este fenômeno chama a atenção pela peculiaridade de ser uma estrela que não se realizou e que ao redor da Anã Marrom foi observado a presença de nuvens de ferro, ou seja, ferro em forma gasosa. Este fenômeno leva os astrônomos e astrofísicos a repensarem os elementos e seus estados no universo. Pois para eles, embora ainda não esteja provado, chove ferro na superfície dessas estrelas. E no segundo ponto de vista é que nem sempre há a possibilidade de uma estrela nascer e poderá se tornar um intermediário entre um Joviano ou uma estrela. Lógico que existem outras estrelas anãs. O que nos faz pensar sobre a vida aqui na terra, as nossas vidas, nossos cotidianos. Nem sempre quando quero um filho (a) ele irá nascer é o que acontece com as estrelas Anãs Marrons que nos dão esta lição de vida. Que às vezes podemos obter projetos de segundo ou terceiro escalão de nossas vidas, mas que isto faz parte deste mistério que chamamos de vida. O Universo nos mostra diversos tipos de nascimentos, abortos naturais e mortes, como nos casos de pulsares e magnatatres e pulsares/magnatares. Os homens da Antigüidade quando observavam estes fenômenos tiravam lições importantes destes fenômenos que interferiam a vida na terra, pois o que está em cima (nos céus, Cosmos, Metafísico) é igual ao que está em baixo (na Terra, mundo físico), como disse uma vez o sábio Apolônio de Tiana.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A relação Mestre e Discípulo no budismo e a arrogância dos homens contemporâneos.

“Seguindo homens inferiores, tu irás degenerar: seguindo os de mesmo nível que tu, continuarás o mesmo; mas, seguido os homens superiores (virtuosos e sábios), obterás a santidade. Portanto sigas os superiores, os mestres” - Lama Jamgön Kongtül Thaye.
Quando, nós ocidentais tomamos contato com o Budismo e as demais tradições orientais, observamos como os iniciados se portam frente aos monges e têm uma postura reverencial, como se fossem seus pais ou professores honrados. Essa postura se deve em virtude do relacionamento entre esses monges (monjas), os iniciados e o Dharma mantido e exposto por esses monges. A este fenômeno é nomeado de “Relação Mestre e Discípulo”. Mas o que seria esta relação Mestre e Discípulo? Este fenômeno se expressa por características, que compõe a conjuntura da relação, que dificilmente os ocidentais, homens contemporâneos, defensores das vicissitudes não compreendem, em virtude de suas limitações mentais e do ódio as virtudes e a outras opções de caminhos.
Uma das características que compõe a relação Mestre e Discípulo é que o mestre, seja ele um monge (monja), Dana (professor de Dharma), Abade, patriarca ou Sua Santidade o Dalai Lama, é um professor e um descendente espiritual dos Bodhisatvas e Arharts, que seguiam o Buddha Shakyamuni. Sobre a descendência espiritual, O Venerável Mestre Hsing Yün, nos explica que um (a) monge (monja), que toma os preceitos, mesmos que foram tomados pelos discípulos diretos do Buddha, mantendo os ensinamentos expostos pelo Buddha e seguindo a vida austera que ele e seus discípulos monásticos viveram. E por terem compaixão e bondade amorosa por nós estes homens e mulheres se dedicaram em manter e expor o Dharma, se abstiveram da vida mundana e dedicaram-se a moralidad, a fim de guiar os leigos rumo ao Dharma, ao Nirvana. O outro aspecto do mestre é que é uma pessoa que esta um pouco mais adiantado no caminho da sabedoria, mas é com este professor que devemos aprender o que precisamos saber no caminho Dharma e despertar em nós, discípulos, as potencialidades essenciais. Porém devemos entender que o mestre, ciente de sua condição irá elevar-se, polir-se, na sua própria moralidade e nas virtudes, para eduzir o discípulo nos caminhos do Dharma.. Então este mestre recorrerá aos ensinamentos deixados pelo seu mestre anterior, que está mais adiantado do que ele no Dharma, e recorrerá aos ensinamentos deixados pelos mestres anteriores aos seu mestre. Desta forma voltamos a genealogia espiritual, em que são transmitidos os ensinamentos e as ferramentas para trilhar o Dharma. Com o objetivo de assegurar os ensinamentos corretos, através do exemplo de vida, para o discípulo e que este não se desvie do caminho em que se destina, a sabedoria e ao Nirvana.às vezes o mestre precisa usar o expediente da severidade para corrigir, lapidar e fortalecer o discípulo. A importância do mestre no relacionamento e na transmissão do Dharma se dá em virtude da necessidade de manter acesos os ensinamentos do Buddha, que nos trazem dignidade, sabedoria e felicidade em meio às atribulações de nossas rodas de Samsaras e das ilusões de Maya. Através destas conjunturas que culminam nas ações compassivas e morais dos mestres, que transmitem o Dharma em seus discursos aos discípulos no caminho da sabedoria e da libertação. Com esses atributos o mestre desperta em seu discípulo a admiração e o respeito, que são demonstrados em dois sentimentos: a gratidão e o amor filial ou discipular.´
Outro aspecto importante desta relação é o discípulo que para o seu mestre é um filho espiritual que precisa despertar suas potencialidades (virtudes) e ser lapidado (removida as vicissitudes), pois o discípulo é uma pessoa que busca o caminho para a sabedoria, ele se dedica e se compromete com a disciplina moral transmitida por seu mestre (ao contrário do aluno que não tem comprometimento com a disciplina e nem com a sabedoria, apenas o interessa o conhecimento superficial, para obter algum título - diploma). O discípulo desperta no seu mestre a bondade amorosa a fim de ser instruído nos ensinamentos, com isso desperta nele a esperança da continuidade dos ensinamentos, o Dharma, sendo passado de geração à geração os ensinos, rumo ao infinito. O discípulo evidência ou precisa de três virtudes para a recepção e continuidade dos ensinamentos. Sendo eles a admiração, a investigação e o serviço. Porém o mestre deve ministrar o ensino correto sempre para o discípulo correto, pois tal pessoa deve estar pré-disposta a trilhar o caminho da moralidade e demonstrar respeito, honra e interesse sincero. Não pode ser qualquer um à receber um ensinamento, que não será colocado em prática ou será deturpado. A admiração que evidência a devoção ao mestre, a vida moral deste, e da coerência do ensinamento exposto por esta pessoa mais adiantado que ele no caminho da sabedoria e do Dharma. O discípulo ouvirá e internalizará o ensinamento. A investigação é a virtude de analisar e comparar os ensinamentos expostos a fim de aferir a veracidade do ensino exposto e, assim, aprender com o mestre. O serviço, logo após a investigação, é a prática do ensinamento revelado pelo mestre, no intuito de trilhar as sendas da sabedoria e viver com plenitude e dignidade. Assegurando a continuidade dos ensinos. O discípulo também precisa ter humildade para aprender. Esta humildade é a contemplação e a compreensão de todas as naturezas e fenômenos ocorridos. Não é a contemplação de nossas impotências como no dizia Friedriech Nietchze. Desta forma mestre e discípulo são jóias preciosas no Dharma.
Um dos maiores problemas na falta de compreensão desta Relação Mestre e Discípulo são as distorções dos homens contemporâneos, que em suas iconoclastia e incompreensão rejeitam os mestres e os ensinamentos transmitidos por eles, afirmam-se como seus auto-mestres e promovem o desrespeito e o caos na sociedade. Precisamos ter em mente que os homens que desejam se iniciar em um conjunto de ensinamentos em algum momento precisaram de um mestre para guiá-los nestas trilhas e com isso ter a humildade para aprender com quem sabe. Assim como a arrogância de homens contemporâneos que desqualificam os mestres, os ensinamentos, por amor a imoralidade, a amoralidade e as atitudes desrespeitosas, com o intuito de manter as vicissitudes, justificando-as como “erros mínimos” e prosseguimento destes erros, e atrair demais pessoas para suas hostes oclocráticas e oligofrênicas. Mas que devido a suas infantilidades buscam a atenção de todos em virtude de sua carência e buscam através da piedade alheia a atenção e uma forma de “carinho”. Porém os homens em busca do Dharma se voltam sempre para aqueles possuidores de virtudes a fim de crescer e se elevar nos caminhos da virtude, da sabedoria, da redenção e da plenitude do Dharma, além de nos colocar no caminho da civilização e nos forma a Paidéia.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os servidores públicos e a Política.

Uma das diferenças dos professores para as demais categorias do serviço público é a sua politização, sendo este critério inexistente no servidor público administrativo, que se deixa levar pelas poucas vantagens, que não colaboram em nada para a valorização e qualidade de vida deste servidor, mergulhando-o na ilusão de vantagens e na inércia de suas funções. Deixam-se levar também pelas operações mecânicas, uma maquinização da pessoa que o leva a irresponsabilidade e a realização de tarefas urgentes e circunstanciais, desperdiçando energia e tempo. E se digladiam por encargos minúsculos, como uma forma de esmolas pelo trabalho realizado, aliás, realizado de qualquer forma – forma tosca, mal feita – para atender a vaidade da chefia. Desta forma a valorização do servidor público a “esmolas” e sorrisos. Na verdade os servidores públicos administrativos têm sido desvalorizados financeiramente e profissionalmente – não alcançam suas auto-realizações – são tratados, tanto pelo público, que é ingrato, ignorante, ignóbil, arrogante e oclocrático, como pelas chefias (coordenadores, secretários e ministros) e, até, entre eles mesmos como hilotas . O servidor público administrativo não é um hilota, precisa saber seu valor, seu papel como agente sócio-político, pois é ele que faz a máquina estatal funcionar para o bem-estar de todos. Desde o Segundo Reinado o servidor público teve um papel fundamental na restauração da figura do imperador e na conseqüente manutenção da ordem. Observando este momento na política nacional a força dos servidores públicos para restaurar a ordem e retornar ao processo civilizatório foi crucial para a realização desta mudança, pois o Período Regencial foi marcado por instabilidade política, que deixou aristocracia e servidores públicos horrorizados com as tragédias e caos reinante, em virtude da ausência da figura central e moderadora do imperador . Segundo Confúcio, o servidor público era escolhido através de rigorosas provas, a fim de nutrir o Estado com pessoas capazes e honradas na direção, na operação e manutenção do governo . O servidor público precisa retomar seu prestígio, sua honra e importância, assim como deve lutar para manter sua qualidade de trabalho, seu ofício, sua carreira como profissional para poder reivindicar o seu Plano de Carreira, Cargos e Salário, a remuneração financeira será conseqüência destas ações e precisa manter sua dignidade, razão e austeridade nas ações profissionais e no caráter. Mas a conquista da carreira deve ser realizada no mérito, no verdadeiro mérito – os critérios acima descritos. Portanto o servidor público administrativo não deve se deixar levar pelas vantagens, nem fazer seus colegas de escada ou bajular os superiores, precisam trabalhar com empenho e honestidade, mostrar seu valor. Não deve ficar na zona de conforto, precisa se politizar – nem esquerda e nem direita – reconhecer-se como um agente mobilizador no governo, para não serem desmoralizados e nem substituídos por funcionários terceirizados.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Oclocracia.

O que é a Oclocracia? Oclocracia?!?!? Me explique o que é essa Oclocracia, por favor! – perguntas diretas dos meus leitores.
Muitas pessoas perguntam, para este colunista que vos escreve “o que é a Oclocracia?”. Neste contexto sociopolítico e no intuito de esclarecer a dúvida, pode ser explicada qual é o significado da palavra e o que ela é. Oclocracia – Okhlos(grego): multidão, plebe, ralé ou a massa; Kratos(grego): poder, governo. Através da etimologia podemos entender que a Oclocracia é o poder da plebe ou, mesmo, o dissabor da irracionalidade das ralés no poder (governo).
Para aprofundarmos mais o conhecimento sobre este fenômeno sociopolítico, então abordemos o entendimento de alguns cientistas sociais e cientistas políticos que analisaram este fenômeno. Para estes a Oclocracia é uma corrupção da Democracia, ou seja, um processo de deterioração, apodrecimento, da situação vigente. Assim como a Oligarquia é uma corrupção da Aristocracia. Segundo Platão, a democracia foi, e é, um regime corrupto, pois este é a decadência da Oligarquia. Foi na democracia ateniense que Sócrates, seu mestre, foi executado, devido a corrupção e a falta de seriedade daquele regime, em pessoas desqualificadas governavam a Pólis. Seguindo o raciocínio de Platão, a desvirtuação da democracia é a Tirania, em que as leis não são respeitadas e obedecidas e os sentimentos desnecessários são exaltados, assim como a bestialidade nas artes. Podemos observar que a Tirania, afirmada por Platão, é a mesma coisa que a Oclocracia, ou seja, a irracionalidade das massas e tirânica bestial e raivosa se assenhorando de tudo no Estado, colocando-se acima da Lei de Causa e Efeito. Outra linha de pensamento afirma que a Oclocracia é uma fase dos processos revolucionários, em que o povo, em sua selvageria, atua na derrubada dos dirigentes, através da irracionalidade das ações, e esta é mantida durante manutenção do poder, com ferocidade e terror, quando muita gente foi guilhotinada e tiveram seus bens apreendidos, distribuídos e desperdiçados pela plebe.
Após as exposições etimológicas e sociopolíticas, pode ser observado que a Oclocracia, fase em vivemos atualmente no país, é um sua essência uma desvirtuação da democracia, que por sua vez é um regime desqualificado e questionável, do qual a plebe através de sua tirania institui a barbárie, impõe suas vicissitudes como valores na sociedade e (des)governa o Estado, as instituições e esbanja irresponsavelmente os recursos, sob o discursos de “igualdade”, “legalidade”, culpabilidade e selvageria.
Eis a Oclocracia. Oh! Abominável Mundo Novo!

sábado, 3 de novembro de 2012

Em defesa dos cursos Politécnicos

Os cursos Politécnicos, voltados as áreas tecnológicas, são tão importantes quanto os cursos de bacharelados e licenciatura para atender as demandas do mercado de trabalho. Porém, não incentivamos o ingresso nesses cursos.
Os cursos de graduação tecnológica ou cursos Politécnicos são disciplinas que atendem a demanda de mercado de trabalho de forma direta, principalmente, nas áreas tecnológicas e operacionais. Tais cursos não são incentivados pela nossa sociedade em virtude do preconceito e do desdém. Uma das muitas verdades é que a nossa sociedade esta apegada a idéia e a opinião de que somente os cursos “intelectualizados“ é que têm e seu “verdadeiro valor”. Cada curso atende a um setor da sociedade, formando um mosaico de funções, setores e vocações que se complementam em sua atividades de forma harmônica.
Os nossos erros são: não observarmos as vocações de nossos jovens para o que eles têm aptidão. Apenas incentivamos a ganhar dinheiro em detrimento da auto-realização. A nossa sociedade necessita aprender a trabalhar com perfeição, profissionalismo, seriedade, atenção e consciência (domínio de si mesmo). Devemos nos ater as Graduações Tecnológicas por serem cursos superiores que atendem as áreas ligadas as tecnologias e operações necessárias para o progresso do país e da auto-realização vocacional desses tecnólogos. Porém, nem todos têm esta vontade, esta capacidade ou ambição, preferem exercer suas funções de níveis médios ou fundamentais. Realmente a sociedade e o mercado de trabalho precisam deles para exercer as funções necessárias no apoio. Desta forma se faz necessário o incentivo ao ingresso e ao estudo nos cursos profissionalizantes dos níveis médios e fundamentais, para lapidar, aperfeiçoar e qualificar estas pessoas.
Até porque, para ganhar dinheiro qualquer um ganha, mas para ter qualidade de vida precisa de estudo ou consciência. Assim como se faz necessário retornar com as disciplinas Moral & Cívica e O.S.P.B. (Organização Social e Política Brasileira – pra o grau Médio) a fim de formar a Paidéia e civilizar o nosso povo. Sendo assim, as Graduações Tecnológicas têm a missão de formar profissionais operativos – os tecnólogos – na demanda do mercado de trabalho, no mosaico social e na auto-realização de pessoas, ou seja, trabalham suas vocações.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Helena Petrovna Blavatsky: A mulher mais sabia do Séc. XIX.

Uma resumida biografia de uma das mais polêmicas mulheres do Séc. XIX, porém carismática e sábia. Helena Petrovna Blavatsky, que fundou a Sociedade Teosófica e viveu intensamente, mudando paradigmas na sociedade ocidental.
Nascida na cidade de Ekaterisnoslav, do antigo Império Russo, entre os dias 30 e 31 de julho de 1831( Calendário Juliano – 12 de agosto no caledário Gregoriano), exatamente à meia-noite – considerada uma noite mágica em virtude pelo povo russo, pela eqüivalencia à noite de São João nos países europeus. Filha primogênita de um família de nobres russos, nasceu prematura, o que lhe conferiu uma saúde debilitada, porém, manifestou em sua infância poderes psíquicos inatos. Segundo as afirmações Giordano Bruno, filosofo e escritor renascentista, tais poderes são inatos nas crianças – o que ele afirmava como a Magia das Crianças, pois elas nascem com estas capacidades sobrenaturais e que são forçadas a abandoná-las devido a ignorância dos pais, da sociedade e de dogmas religiosos, ou seja são castradas de seus poderes latentes – e devido ao contesto da época e da sociedade superticiosa, a manifestação destes poderes a isolou de sua família e posterormente dos criados da casa.
Ao longo de sua adolescência quebrou regras sociais, mas sem ferir a moral de sua família, porém seu comportamento impulsionou a família a arranjar um casamento rápido e o fizeram ao atingir a idade de 16 anos com um ancião de 70 anos, Nicéforo Blavatsky. Três meses depois fugiu, embora o ancião fosse um homem bondoso, retornou dez anos depois para a anulação do seu casamento. Teve uma vida de intensas aventuras, vivendo como reporte de guerra ao lado das tropas de Garibaldi, disfarçada de rapaz, nas lutas do Rio da Prata entre o Império Português e os recem criados países de língua espanhola, foi presa neste momento. Com suas viagens os poderes parapsicologicos foram se acentuando. Poderes esses que se mainfestaram na infância como premonições, levitação e fenômenos ligados a mediunidade. A descrição de seus contemporâneos transitava entre os extremos de admiração e os extremos de desprezo. Era uma pessoa fascinante, senhora de virtudes como carisma, inteligência, vivacidade pessoal, e um grande senso de humor. Seu comportamento era imprevisível , longe das convenções sociais, era dramática, impulsiva e propensa a dar escândalos, a opinião dos outros lhe era indiferente, mas não era esnobe. Falava abertamente sobre sexo, embora não deixava parecer alguma natureza sensual. Seus artigos encheram as páginas dos principais jornais da era Vitoriana, quase todos assinados com pseudonimos, em uma época propensa à aventura e ao exotismo, das quais Helena Petrovna Blavatsky percorreria.
Em 1868, recebeu um aviso de seu mestre para se juntar a ele na cidade Constantinopla, para uma jornada ao Tibete, permanecendo um tempo no mosteiro Tashi Lhunpo em Tsi-Gá-Tsé, a sede do Panchen Lama. Recebida por ele como discípula e introduzida no Budismo Tibetano, recebendo ademais uma preparação especial para sua futura missão no ocidente. Traduziu o Livro Tibetano dos Preceitos de Ouro para o inglês. Em 1872 fundou no Cáiro, Egito, a Sociedade Espírita (La Société Spirite), onde pretendia incentivar os fenômenos espíritas e mediúnicos codificados por Allan Kardec. Deixando esta sociedade mais tarde.
Em 1875 fundou a Sociedade Teosófica, em Nova York, com a ajuda do Coronel Henry Steel Olcott e William Quan Judge para discutirem ocultismo e outros relacionados ao esoterismo e filosofia. Publicou diversos livros relacionados a esses temas até 08 de maio de 1891, em Londres. Seu corpo foi cremado e jogado no Rio Tâmisa. Portanto Helena Petrovna Blavatsky foi uma mulher que marcou época e levou o conhecimento oculto aos ocidentais, que estavam divididos entre o materialismo, o ateísmo e a força de uma época, que estranhava-se outros valores atemporais, costumes diferentes e alternativas espirituais, científicas e filosóficas.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

As Festas Juninas.

Uma pequena História cultural sobre as Festas Juninas. Suas origens, resistências e detalhes que compõe a cultura do Brasil. Segundo alguns historiadores as origens destas comemorações são oriundas dos cultos pré-cristãos, que celebravam os ciclos lunares e solares, que estão ligados a vida agrícola, dos quais os homens daquela época estavam sintonizados. Principalmente os períodos de colheitas e das mudanças das estações, em destaque os solstícios, que comemoravam as transições sazonais. Nestas comemorações que podemos observar as reminiscências do Culto ao Fogo, em que se acendiam as fogueiras e as saltavam por cima delas para celebrar o solstício de verão europeu e a vitória da luz sobre a escuridão. Com o domínio do cristianismo, que em um primeiro momento perseguiu e recriminou, para depois adotar, pois esta manifestação cultural possui força e serão colocados nestas datas os santos /mártires da cristandade católica, principalmente a figura de São João Batista, antecessor de Jesus Cristo de Nazaré, que em virtude de seu nascimento. Segundo o conto popular, Isabel, prima de Maria, mandou seu marido, Zacarias, acender a fogueira para avisar o nascimento de João, sei meses depois seria a vez de Jesus Cristo. Como ocorreu uma assimilação dos cultos pagãos nas celebrações pode ser observado que durante o solstício de inverno (no hemisfério sul) realizam-se as comemorações referentes a São João Batista e outros santos, enquanto no solstício de verão (no mesmo hemisfério) é comemorado o nascimento de Jesus Cristo de Nazaré, que analogamente eram comemorações referentes às mudanças de estações. Embora tenham sido perseguidas, as comemorações e suas práticas, como a dança – quadrilha e dança de salão - recreações, comidas típicas, encenação de casamento caipira e adivinhações foram assimiladas pelas suas forças, em virtude disto as Festas Juninas perduram até os dias de hoje. E foram acrescentando hábitos e costumes dos povos no Brasil. Apesar das danças terem sido uma prática originada pela nobreza, ocorreu assimilação e adaptação por parte da sociedade, que realiza em suas Festas Juninas a execução das danças, mas no lugar da fidalguia, com sua elegância, os executores da quadrilha junina são os caipiras, o sertanejo. Assim sendo, pode ser contemplado uma colaboração da nobreza e das classes altas na cultura. Portanto, esta é uma manifestação popular que ultrapassa o limite ou a idéia (ilusão) de classes. Por isso as Festas Juninas são as mais populares de todas as festas, por sua força e tradição. Porém não só a Igreja Católica a assimilou como também foi adotada por outras linhas cristãs e outras religiões, com o objetivo de dialogar com a cultura vigente e com o povo.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Para que serve a História e a quem ela serve? - HISTÓRIA

“Professor!!! Para que me serva a História?” – Pergunta de um aluno do segundo segmento do Ensino Fundamental. A história é a ciência do homem no tempo, ou seja, o ser humano tem historicidade. A História nos serve para colocar na memória os passos da humanidade, nos identificar no tempo e espaço; apresentar os processos de formação de uma civilização, através da dinâmica de causa e efeito; narrar a vida dos homens de antanho; compreender os processos de mudanças e permanências dos fenômenos sociopolíticos e culturais e, enfim, fazer entender os devires históricos dos homens, para não cometerem os mesmos erros, além de indicar a grandeza dos gigantes de antanho e seus exemplos morais, rumo a eternidade. Depois de ser explicada, a serventia da História, se faz necessário citar, com seriedade, as dificuldades que se apresentam nas aplicações das aulas de História. Esta ciência se tornou alvo da indiferença, do escárnio e da corrupção ideológica. O público em sua preguiça, arrogância e imaturidade desprezam o conhecimento histórico e o profissional que o explana. A ralé dá muito mais preferência aos sentimentos desnecessários, a futilidades e ao imediatismo. Buscam na internet, através de sites errados, informações incompletas. A triste verdade é que as Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia), algumas Ciências da Natureza (Física, Química e partes da Biologia), com exceção da Matemática (parcialmente) e Programa de Saúde, não atendem ao público, porque é demais para suas primitivas e oligofrênicas mentes, pois não há interesse. Talvez fosse melhor voltar com os Estudos Sociais, Moral & Cívica e O.S.P.B (Organização Social e Política Brasileira – este para o Ensino Médio), em virtude da imaturidade e incapacidade mental da plebe. Como foi explicada a serventia da História agora nos concentremos na analise para quem serve. Segundo os iluministas (pensadores do Séc. XVIII), que iniciaram um movimento de laicização do conhecimento, mas que em um primeiro momento, o conhecimento era dirigido aos burgueses, em virtude de seu destaque social, e aos líderes, que possuíam, ainda, as virtudes e preparos para governar a sociedade – os então, Déspotas Esclarecidos. Devido a esta laicização e, posteriormente, ocorreu a vulgarização do conhecimento. Vulgarizar é levar o conhecimento a todos, porém esta massa não estava disposta a receber o conhecimento histórico. Segundo Confúcio, se faz necessário lapidar os sábios e educar os atrasados. Porém o povo se assenhoreou de tudo, de maneira usurpadora, objetivando os deleites sem herdar as angústias, como nos explicou José Ortega y Gasset, em outras palavras queriam os fins, o prêmio, sem passar pelo processo de conquista. O homem contemporâneo em sua arrogância e fome desejou o poder, satisfação imediata e a riqueza. O povo não conquistou nada, lhes foi concedido, por não conquistar desprezou o que lhe foi dado, depredando o patrimônio cultural. A História para o povo é um bem, uma ciência sem valor. Já nas mãos dos esclarecidos, dos aristocratas e dos dirigentes é uma ferramenta valiosa para compreender e utilizar. Em síntese a História serve aos sábios e aos heróis e sua utilização é para compreender o devir histórico, realizar a Paidéia e manter a civilização.

Para que servem os livros? - Literatura

“Livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são os homens. Livros mudam os Homens” – frase atribuída a Mario Quintana, possível autoria de Caio Graco, estadista romano (Séc. II a.C. ou Séc. II A.E.c.). Cerca de uma década e meia foi ventilado pelos governos a propaganda: “Brasil, um país de leitores”. Isto foi um incentivo para que as pessoas passassem a ler mais, fosse um jornal, uma revista ou um livro, com o objetivo de tornar o povo mais culto, além de tornar a cultura mais acessível ao povo. Embora sempre houvesse uma resistência velada, quase abertamente, por parte do povo, em virtude de seus desinteresses, imaturidades e orgulho em serem medíocres. O pior de tudo é que ocorre um incentivo, por parte de empresários, estadistas e “celebridades” para fazer as pessoas abandonarem o hábito, já escasso, da leitura. Tal abertura trouxe pouco interesse, até porque nas viagens de coletivos e transporte de massas podemos ver poucas pessoas, com livros nas mãos, realizando suas leituras; concentrados até a chegada de seus destinos. Mas...para que servem os livros?O que o brasileiro esta lendo? Qual o tipo de Literatura? Os livros são, justo as grandes invenções, guardiões do conhecimento; alicerces para a formação do pensamento próprio; narradores da epopéia humana; lembretes de nossas tolices e estupidez e, serve, para registrar idéias, para registrar idéias, para que estas jamais se percam. Assim como também nos servem com arautos dos gigantes do passado, de suas vozes, que são ondas divinas da essência (o Inominável – os Devas – O Dharma), que nos inspiram a caminhar na trilha para a Sabedoria. Além de preencher nossas mentes com os saberes, nos momentos de ócio. Ler um livro é um ato civilizatório, como disse uma vez o jornalista Diogo Mainardi, ninguém abre um livro impunemente. Porém, para se adquirir civilização através da leitura, se faz necessário ler os clássicos, pois são estas obras os receptáculos da civilização, sabedoria e valores atemporais. Mas, os brasileiros têm lido livros consumíveis, ou seja, livros de qualidade duvidosa... Perdoem este colunista, honrado (a) leitor (a)... Pois, como afirmava o monge budista do Séc. XIII – Nichirem Shonin – “Não despreze o ouro pro estar contido em uma bolsa imunda”. Porque as pessoas precisam começar por algum lugar, mas sempre deve ler os clássicos. Ninguém pode ficar no trivial e frívolo. Uns dos piores problemas nos livros e dos autores atuais são a falta de qualidade e as apropriações indevidas de alguns autores, que pegam as idéias dos gigantes de antanho, um grande autor, e colocam seus nomes no lugar deles e não faz a referência devida. Lógico que o autor precisa ter uma idéia original, para não ser um repetidor, embora vá se deparar com uma idéia proposta ou pérola de sabedoria de algum sábio ou mestre ascensionado. Por isso os clássicos são e serão eternamente as bases das literaturas e das idéias. São neles que encontramos a qualidade (a primeira necessidade para a formação do pensamento correto) da informação e conhecimento universal. Não importa quantos livros leiamos se não tivermos tempo livre (segunda necessidade) para observarmos, entendermos, investigarmos e raciocinarmos corretamente, sobre a obra lida. Desta forma obteremos o domínio correto das ciências. Porém, não basta lermos e pensarmos se não nos der o direito de agirmos baseados no que aprendemos (terceira necessidade). Sendo assim os livros são os receptáculos do conhecimento, mas para isto devemos ler os clássicos, e servem como pontes para a Paidéia.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Astrologia e Astronomia

Desde tempos imemoriais os homens observavam os céus e seus fenômenos como forma de relação entre suas vidas cotidiana e as divindades, pois para eles havia uma relação entre os ditames celestiais e o seu devir na Terra. Com o decorrer dos tempos surgiram duas formas elevadas de Ciências: A Astrologia e a Astronomia. Ambas com o uso de cálculos matemáticos na observação dos fenômenos, mas a primeira como uma ciência mágica e a outra racional. Através da Astronomia os cientistas podem observar os fenômenos cósmicos, no qual o nosso planeta, e mesmo nós, se insere. Em tempos anteriores os astrônomos agruparam as estrelas, em que o Sol transitava pelo firmamento, em imagens que inspiraram os signos zodiacais, ou seja, as galáxias que o Sol e os planetas passavam nessa órbita, pois mesmo o Sistema Solar esta em movimento constante na Via Láctea. A Astrologia estuda a influência do fenômeno energético sobre o nosso planeta e nossas vidas, outrora os ritmos e movimentos dos céus e da Terra eram contemplados e registrados pelos sacerdotes da Antigüidade, sendo estes homens responsáveis pela Astronomia e Astrologia, analise dos movimentos cósmicos e interpretação dos destinos.
Mais precisamente ambas as ciências estavam juntas e expressavam o anseio da humanidade em extrair do Universo os princípios de lei e ordem e compreender seu verdadeiro lugar neste plano existencial. O uso da Astrologia oferece aspectos substanciais para o autoconhecimento, tipologia e auxílio nas decisões cotidianas. Foram separadas pelo advento da cristandade que execrou todas as formas de divinomâncias e com isso a Astronomia ganhou um lugar de destaque nas Ciências Naturais e a Astrologia foi colocada como uma forma de superstição. Porém pode ser afirmado, nos dias atuais, em que a Ciência busca compreender a espiritualidade e a metafísica que há um novo olhar sobre esta ciência, renegada, e sua importância cotidiana e a Astrologia e a Astronomia se complementam.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Fantasmas na história

Uma análise histórica sobre a crença em fantasmas no período medieval da europa. com base na obra de jean-claude schmitt que trata sobre as relações entre os vivos e os mortos daquele período.


A morte e os mortos constituem universalmente uma parte importante das crenças religiosas e do imaginário social sobre este tema, embora cada sociedade tenha a sua representação própria do além e daqueles que se foram, ou seja, o destino que os aguarda, que sempre povoou as mentalidades dos homens de antanho.

Estas aparições fantasmagóricas concebem uma interpretação sobre as viagens do mundo dos mortos e suas visitas ao mundo dos vivos, que normalmente, os vivos que os vê são antigos conhecidos ainda em vida. O objetivo deste é revelar aos vivos a geografia dos lugares do mundo dos mortos, lugares estes que habitavam o imaginário medieval do Ocidente.Com os relatos sobre fantasmas o historiador é de pronto imerso nos detalhes deste imaginário cristão da Idade Média, trava-se analises com os cruzamentos confusos de caminhos de relações sociais tomadas entre os viventes e os recém mortos que os visitam. Estes relatos de fantasmas focalizam toda a atenção na condição do, então, falecido, que descreve aos viventes a sua situação, muitas vezes, nestas crônicas a existência do fantasma ou espíritos se dá em virtude do decurso do “rito de passagem”, ou seja, a aplicação ou não dos ritos fúnebres. Pode ser citado como exemplo um corpo desaparecido de um afogado que não ganhou sepultura, vítimas de assassinato, suicidas, morte de uma parturiente ou mesmo um natimorto.Pode ser observado desta forma uma herança, ou o peso desta, na sociedade medieval que encontra as reminiscências culturais greco-romanas ou heranças dos bárbaros. Visto que o Cristianismo rejeitou em um primeiro momento o culto dos mortos, como é apresentado em toda a iconografia sobre a Idade Média e suas mentalidades, que permeou muitas épocas. Nos Sécs. V e VI muitos dos rituais pagãos foram cristianizados tendo desta forma uma espécie de “morte domesticada”. Em outras palavras pode se observar que o modus vivendi do homem medieval estava articulado nesta dinâmica entre a idéia de salvação, sufrágio, dos mortos e os seus laços com os vivos de uma sociedade que vivenciava o visível e o invisível com intensidade e normalidade.


Muitas vezes as aparições se davam para transformar a Igreja Católica e legitimar um processo político em andamento, assim como relatava o mundo dos mortos e sua atual situação ou até mesmo anunciar uma morte ou transformação social.

Sendo assim pode ser afirmado que “vivemos em prol dos mortos mais do que dos vivos” e que desta forma as reminiscências de outrora transpassam o tempo e influenciam o agora, principalmente no Culto dos Mortos.


Referências:

SCHIMITT, Jean-Claude, Os Vivos e os Mortos na Sociedade Medieval - Companhia das Letras - São Paulo - S.P.