sexta-feira, 9 de agosto de 2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Artes Marciais e a educação.
“O guerreiro deve seguir os caminhos da espada e da pena” – Miyamoto Musashi – O Livro dos Cinco Anéis.
O caminho das Artes Marciais tem um objetivo principal, disciplinar. Disciplinar o discípulo a fim de alcançar a excelência e conectá-lo com a nobreza e a Cavalaria, fatores importantes para a formação da Paidéia, da Aristocracia e da lapidação do caráter.
Quando uma pessoa se inicia em alguma Arte Marcial aprende a se conhecer. Conhece seu corpo, seus movimentos, suas capacidades e aprende a ter controle sobre si mesmo, através das contemplações do corpo, do equilíbrio e dos movimentos realizados, podemos afirmar que esta é uma prática Gimnosofista por observar o corpo e a partir para a metafísica da Arte da Guerra.
Devemos entender a Arte Marcial como um conjunto de ensinamentos e de práticas relacionadas ao arquétipo de Marte (Ares), o Deus da Guerra, que impulsionava os homens ao combate a fim de tirá-los de suas decadências morais.
Sua relação com a educação é a formação do caráter no intuito de eduzir os valores mais nobres e expandi-los para a sociedade através das atitudes cavalheirescas, ou seja, através da honra nas atitudes e no controle das palavras e pensamentos. Pois, lideranças honradas são aspiradas pela sociedade que preferem senhores mais nobres, virtuosos e justos, que os guiam para as ascensões espirituais e morais.
Logicamente que as Artes Marciais tem um caráter de ensinar a autodefesa, com o intuito de despertar a autoconfiança e o sentido de capacidade. A Arte Marcial não tem Omo objetivo incentivar a violência desmedida, mas a defesa pessoal para evitar o conflito, pois segundo a lógica guerreira:
“Não se contra-ataca o oponente por ódio, mas por amor/compaixão. Devemos respeitar nosso inimigo, mas se ele nos ataca devemos nos defender e contra-atacar para punir a transgressão de nos atacar. Redirecionando, desta forma, o agressor apara o caminho criativo da harmonia, pois o amor ao oponente é uma energia severa”
Pois isto é agir com justiça, pois segundo Platão - “Justiça é dar a cada um aquilo que lhe é devido de acordo com suas naturezas e méritos” . Retornando à lógica guerreira, esta nada tem haver com o MMA, UFC e outros estilos brutais de luta que têm compromisso com o entretenimento vulgar e bárbaro e com o fetiche pela violência, que enchem as nossas casa com a ausência de valores e desvirtuam os ideais éticos da Arte da Guerra. Os defensores das vicissitudes encontraram uma forma de se colocar na sociedade com o aval da plebe e do judiciário, que se encarregou de “punir” ou submeter os praticantes de Artes Marciais a não reagirem e castrar suas ações educacionais, mas que aplaudem e incentivam os MMA’s. Utilizaram o recurso de advogados, comprometidos com a pilantragem, com o lucro rápido e sem escrúpulos para impedir e intimidar através de leis que impedem o recurso da defesa pessoal. Ou seja, você cidadão honrado, digno, trabalhador e respeitador das leis e da convivência, tem que se submeter a tirania dos débeis e pessoas mau-caráter, que hoje controlam a sociedade.
O judiciário precisa ajudar a moralizar e retornar com os valores éticos nas Artes Marciais, pois as lutas que não têm compromisso com a formação da Paidéia não ajudam com o processo civilizatório, não refina o cidadão, ao passo que as Artes Marciais comprometidas com o processo civilizatório se baseiam em valores éticos, morais, divinos e atemporais.
Segundo o grande samurai Miayamoto Musashi o caminho da Espada deve ser adicionado a alguma arte a fim de refinar o cavalheiro, em sua obra O Livro dos Cinco Anéis ele associou o uso da espada com a caligrafia, pois para este Hessei (santo guerreiro) a forma como se escreve é a forma como se utiliza a espada . Para Platão, a educação dos Guardiões o uso de ginástica conjugada ao estudo da música, a primeira para fortalecer os corpos e a segunda para refinar a alma .
Portanto as Artes Marciais conjugadas as artes (Caligrafia, Música ou música instrumental (ênfase na Música Clássica), artes plásticas e teatro) e a filosofia e ciências, como norteadoras de pensamento, formam a base ideal e correta para a formação de cidadão e aristocratas, sob a égide de valores éticos, morais, atemporais e sublimes.
Notas e Referências bibliograficas:
Em japonês- Bujutsu; em mandarim – Wushu; no ocidente chamamos o conjunto de aprendizados para a Guerra de Arte Marcial.
Gimnosofista (Sonnyase) – pensadores do corpo, filósofos céticos indianos do período anterior a Siddhartha e a Mahavira, que abandonaram o Bhramanismo e a casta dos sacerdotes para combater a ilusão da matéria, faziam suas despidos e com posturas da Yoga forçando seus corpos a um rigor extremo a fim de transender a matéria. Foram chamados de Gimnosofistas em virtude deo contato om os gregos das expedições de Alexandre Magno na Índia.
MITSUGI, Saotome – Aikidô e a Harmonia da Natureza – págs. 176 e 185 à 187 - Editora Pensamento – São Paulo – S.P. 2006.
Este princípio de justiça Platão aprendeu nas suas viagens ao Egito. UM dos princípios baseados nas Leis de Maat – a Deusa egípcia da Justiça e do equilíbrio.
Miyamoto Musashi (1548 à 1645 da E.c.) – Nome verdadeiro Shinmen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin, nasceu em um vilarejo chamado de Miyamoto, província de Mimasaka, filho de um nobre que o deixou aos cuidados de um tio materno,um sacerdote. Foi o maior samurai de todo Nihon (Japão) durante o período do Shogunato Tokugawa, no Séc. XVII
MIYAMOTO, Musashi – O Livro dos Cico Anéis (Go Rin No Sho) – Rio de Janeiro - Ediouro – 2002.
PLATÃO – A República – Rio de Janeiro – Martin Claret – 2008.
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