“Casa foi feita
para nós descansarmos e não para fazer dever da escola” –
palavras de um pilantra.
Uma das formas de fixação de uma matéria exposta em sala de aula por um (a) professor (a), a fim de exercitar o raciocínio, o sentido de dever/responsabilidade e despertar a autorrealização ao fazer uma tarefa que nos leva ao sucesso é o
“Dever para a casa”. Porém, muitos dos discentes se recusam a fazer por inúmeros motivos.
No final da década de 1990 ao início deste novo Século o dever de casa foi motivo de discussões acaloradas e sem propósito, pois de um lado estava a preguiça dos alunos, o mau-caratismo dos pais e a mídia insidiosa, do outro lado estavam professores, diretores, pedagogos, psicólogos, alunos e pais honestos e austeros. Nesta discussão havia um embate sobre o papel da casa, do tempo disponível dos jovens em casa e o discurso retórico e tirânico sobre a transferência total da educação dos jovens para as escolas.
Nossa casa é o nosso lar, nosso refúgio que nos fortalecem, nos reenergiza e nos remete a um estado de espírito que nos conduz a tranquilidade e à um estado de concentração para realizarmos as tarefas que nos foram delegadas pelos docentes a fim de exercitarmos nossos raciocínios e fixarmos os conhecimentos em nossas mentes. Durante estas tarefas temos a ajuda de nossos pais, tios, irmão primogênitos ou “superdotados”, avós e tutores, que nos orientam com o intuito de participar do progresso de aprendizado e autorrealização. Desta forma não há desculpas para não fazermos os deveres de casa.
A menos que sejam pais desleixados ou comprometidos com a pilantragem, a vagabundagem e o mau-caratismo. Desta forma temos um problema com a educação ou o processo de aprendizagem.
Com relação à retórica sobre o tempo dos jovens em casa, mais precisamente sobre a ausência de tempo, que não passa de uma retórica dialética com o intuito de defender a indolência dos jovens e incentivar o hedonismo destrutivo, como uma forma de diversão e legitimar as vicissitudes dos pais e jovens, com o respaldo defensivo dos advogados comprometidos com o seus bolsos e com o alinhamento ideológico com o crime. Pois uma vez uma jovem formada em direito com o intuito de se desfazer dos professores havia dito de forma sarcástica:
“Existe profissão mais odiada que professor?”
Tal expressão demonstra o alinhamento ideológico e amoral deste típico de advogado
1 e da sociedade em geral.
Retornando a questão dos pais, que devido à “impossibilidade de tempo” e da incapacidade de alguns pais na educação dos seus filhos, os pais transferiram esta tarefa, de forma tirânica e desonesta, para a escola, exigindo sucesso e a manutenção do mau-caratismo dos filhos, como nos foi mostrado no filme
“O Clube do Imperador”, em que um professor comprometido com o processo civilizatório ocidental e com a sua profissão de educador se viu impedido de fazê-lo com o filho de um senador, que o havia enquadrado na educação moral do filho deste. Interrompendo o processo educacional de lapidação moral daquele que seria um grande cidadão.
Assim como este senador, o resto da sociedade assim o é, ou seja, uma sociedade imoral e oclocrática. Tais pessoas precisam saber o que estão fazendo – a destruição dos valores éticos e morais legado pelos gigantes de antanho – e depois exigem soluções como um bando de falso-moralistas e tagarelas. Mas os pais precisam se conscientizar que a escola é a parceira na formação da Paidéia, ou seja, transmitir os conceitos científicos e civilizatórios em conjunto com a família.
Para aqueles que têm esta dificuldade em tentar fazer o dever de casa com o (a) filho (a), existe uma alternativa. O segredo é conduzir o dever de casa como um dever a ser cumprido ou como um
divino ócio2.
Notas:
1 N.A. (Nota do autor) – Existem advogados compromissados com a defesa da Lei, da ordem, da justiça, da civilização e da verdade. Embora sejam raros, são dignos de nosso respeito e admiração.
2 N.A. - Divinos Ócios – ideia defendida por Platão na divisão de tempo e de tarefas. Os Divinos Ócios são tarefas que fazemos melhor em concordância com a nossa vocação e âmago.