A juventude é uma força dinâmica na sociedade, sem dúvidas. E o Movimento Estudantil Universitário é a sua mais marcante expressão[1]. Entretanto, os estudantes possuem diferenças. Neste artigo vamos abordar de forma peculiar as diferenças entre estudantes estadunidenses e estudantes brasileiros.
No modelo brasileiro vamos destacar duas práticas: as repúblicas estudantis e o movimento estudantil. Sendo a primeira uma moradia para estudantes universitários, era chamada de solar dos estudantes ou apenas república. Essa pratica foi promovida pelo Rei D. Dinis I de Portugal[2], em Coimbra, que ordenou a construção de casa para o assentamento de estudantes que custeariam suas estadias através do pagamento da locação destas. Hoje, no Brasil, as repúblicas continuam a serem moradias provisórias para estudantes universitários com alguma ajuda governamental a fim de manterem esses recintos.
O movimento estudantil brasileiro, mais especificamente o universitário, se caracteriza pelo seu engajamento político, de sua rebeldia juvenil[3]. Até o ano de 1937 que fora fundado a UNE (União Nacional dos Estudantes), os estudantes brasileiros já possuíam uma visão crítica e opositora, segundo Arthur J. Poerner. Contudo, nos dias atuais, ocorre um engajamento político-partidário de esquerda no movimento estudantil, tornando-se um braço ativista e um militante para as ideologias de esquerda e seus partidos.
As fraternidades, cujo radical vem do latim de “frater”, significa irmão. Esta é uma prática acadêmica muito antiga em países como os Estados Unidos, tendo grande importância na vida acadêmica de um estudante. É uma associação de jovens estudantes unidos por um mesmo interesse, sendo eles pela áreas de estudos acadêmicos, esporte, social, um hobbies e solidariedade. Formando companhias constantes durante os seus anos de universidade, que se tornarão amigos para a vida inteira. De maneira a formar um rede de conhecimentos e solidariedades profissionais, em virtude dos diferentes contatos. As fraternidades ou irmandades[4]estão quase sempre localizadas dentro do campus universitário, lembrando as nossas repúblicas, mas não servem apenas como moradia ou um local de estudos. Elas têm como objetivo o “saber viver” e organizam eventos, grupos de estudos, fazem trabalhos voluntários. Apesar dos filmes passarem a ideia de que são feitas só de festas, bebidas e excessos hedonistas, esta não é a função verdadeira das fraternidades.
O ponto em comum que as fraternidades e os movimentos estudantis têm são os trabalhos voluntários, como forma de trabalhar o caráter de seus membros e colaborar com o processo social.
Sendo assim, as fraternidades estudantis configuram uma forma de opção aos estudantes brasileiros na sua formação sem a interferência maliciosa dos partidos políticos e ideologias político-partidárias.
Notas e referências bibliográficas:
[1] SAVAGE, Jon – A Criação da Juventude: Como o conceito de teenage revolucionou o Século XX – Rocco – 2007 - Rio de Janeiro – R.J. – pág. 29. HOBSBAWM, Eric – A Era dos Extremos: O breve Século XX (1914 – 1991) – Companhia das Letras – 2005 - Rio de Janeiro – R.J. – pgs. 317 e 319 . POERNER, Arthur José –O Poder Jovem: História da participação política dos estudantes desde o Brasil-Colônia até o governo Lula – Booklink Publicações Ltda– 2004 - Rio de Janeiro – R.J. – pgs. 39, 40, 129 e 130.
[2] D. Diniz I (Lisboa, 9 de outubro de 1261 – Santarém, 7 de janeiro de 1325), apelidado de o "Rei Lavrador" e "Rei Poeta", filho mais velho do Rei D. Afonso III.
[3] POeRNER, Arthur José –Op. Cit. – Booklink Publicações Ltda – 2004 - Rio de Janeiro – R.J. – pgs. 40, 53 à 55, 123 e 124. MALATIAN, Teresa – Império e Missão: Um novo monarquismo brasileiro – Companhia editorial nacional – 2001 – São Paulo – S.P. – pág. 38, 44, 45.
[4] As diferenças entre fraternidades e irmandades são a questão de gênero. Enquanto as fraternidades agregam moços, as irmandades selecionam moças.