quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Fotografia: arte e documento histórico.


Uma das questões que nós historiadores abordamos na História é o uso da fotografia como documento histórico e como arte visual. Embora, ocorra uma discussão sobre qual é o verdadeiro ponto da vista deve ser abordado1. O presente artigo tentará abordar de forma holística este fenômeno visual oitocentista.
O primórdios da fotografia ocorreram em virtude das descobertas científicas nas áreas da ótica e da química a fim de buscar uma maneira de fixar uma imagem da realidade sobre um material estável, ou seja, capturar uma imagem.
Em 1826, Joseph-Nicéphore Niépce2, fez a primeira impressão em uma placa de estanho polido, com peltre revestidas de betume da Judéia, após oito horas de exposição, cuja imagem era uma vista nublada do pátio de sua casa em Grás3.

Em 1837, Louis-J. M. Daguerre4, colaborador de Niépce, substituiu o betume da Judéia por Iodeto de Prata com vapores de Mercúrio nas placas, tal processo obteve a imagem do ateliê de Daguerre, de forma estável e com o tempo reduzido de exposição entre dez a quinze minutos. Esta técnica de captura de imagem passou a ser chamada de Daguerreótipo, sendo em 1839 a primeira imagem capturada de um ser humano em um boulevar parisiense. Sendo o Daguerreótipo o precursor da fotografia5.

Ainda em 1839, William Talbot6 aperfeiçoou o processo com uma uma invenção dele os Calotipos – os Negativos. Em 1851, a chapa molhada reduziu o tempo de exposição e produziu impressões quase tão precisas quanto os Daguerreótipos. Em 1858, a fotografia instantânea substituiu o daguerreótipo, a partir de 1880 as câmeras portáteis e o filme de rolo tomaram a cena7.
Dentro deste processo de aperfeiçoamento da fotografia ocorreu categorias de fotografia das quais destacamos neste artigo:
Fotografia Documental – estilo inaugurado por Jacob Riis, que retratou as condições tenebrosas na zona sudoeste de Manhattan (New York)8. Neste caso, as fotografias se tornam imagem/documento, em que se registra a imagem como informações de um período histórico em um espaço físico, com uma natureza própria com a composição de pessoas, conjugadas as circunstâncias apresentadas9.
Fotografia de Arte – categoria iniciada por Julia M. Cameron, que captou em suas fotografias a beleza ideal, através de lentes especiais, que produziam efeitos de foco capturando e definindo a personalidade em retratos intensos e os sentimentos de seus modelos10. Nesta categoria, que se enquadra com fotografia Artística, podem ser consideradas como imagem/monumento a fim de deixar um legado perene para o futuro como um mensagem deixada de uma época de uma imagem que ficou registrada como o ideal de arte11.
Fotografia-retrato – Esta categoria retratava personagens ilustres, por Nadar, que concebia a pose dos modelos e utilizava iluminação elétrica de maneira a enfatizar o caráter de seus modelos. Contudo, este estilo não ficava preso ao retrato documental, pois estava entre as duas categorias supra-citadas12.
Desta forma a fotografia é arte e documento histórico em que se faz fundamental a guarda e a utilização da imagem a fim de dialogar com o passado e observar a beleza capturada de uma pessoa ou momento ou paisagem e na leitura de memória e da identidade cultural da humanidade. Pois a fotografia é uma mensagem não-verbal utilizada na representação social no tempo e no espaço13. E desde seu surgimento as artes tomaram outro rumo, muitas vezes servindo de base para pintores e influenciando no surgimento do Impressionismo14.

Notas e referência bibliograficas:
1N.A. (Nota do autor) – exite uma discussão sobre a fotografia, se ela deve ser usada como arte ou como documento histórico em virtude do uso constante como recurso de leitura visual na História. CIAVATTA, Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- A Leitura de Imagens na Pesquisa Social: História, comunicação e Educação – in MAUAD, Ana Maria – Fotografia e História: possibilidades de análise – São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, pág. 19, 38 e 39.
2Joseph-Nicéphore Niépce (1765 – 1833) químico francês.
3Enciclopédia Grande História Universal: O século XIX: Ciência e Técnica – Rambla de Catalunya – Barcelona (Espanha) – Ediciones Folio, 2007, pág. 48. e STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Arte Comentada – Rio de Janeiro – R.J. - Ediouro, 2002, pág. 92.
4Louis J. M. Daguerre (1789 – 1851), outro francês e colaborador de Nicéphore Niépce.
5Enciclopédia Grande História Universal: O século XIX: Ciência e Técnica – Rambla de Catalunya – Barcelona (Espanha) – Ediciones Folio, 2007, pág. 49. e STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 92.
6William Henry Fox Talbot (1800-77), inglês.
7STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 92.
8Jonh Riis (1849 – 1914) foi repórter de Polícia em New York. STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 94.
9CIAVATTA, Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- Op. Cit. – in MAUAD, Ana Maria – Fotografia e História: possibilidades de análise – São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, págs. 22 e 33.
10Os modelos de Júlia Margareth Cameron (1815-79), eram pessoas famosas do período vitoriano (Séc. XIX). STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 92.
11CIAVATTA, Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- Op. Cit. – in MAUAD, Ana Maria – Fotografia e História: possibilidades de análise – São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, págs. 22, 32 e 34.
12Nadar(1820 – 1910), caricaturista francês, foi o primeiro a utilizar luz elétrica no processo de fotografia, ou seja, a captura da imagem. STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 94.
13CIAVATTA, Maria, e ALVES, Nilda (orgs)- Op. Cit. in CIAVATTA, Maria – Educando o trabalhador da grande “família da fábrica”. A fotografia como fonte histórica. – São Paulo – S.P. - Cortez, 2004, págs. 22, 32 e 34.

14STRICLAND, Carol (Ph.D.) - Op. Cit., pág. 95.

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