quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A relação Mestre e Discípulo no budismo e a arrogância dos homens contemporâneos.

“Seguindo homens inferiores, tu irás degenerar: seguindo os de mesmo nível que tu, continuarás o mesmo; mas, seguido os homens superiores (virtuosos e sábios), obterás a santidade. Portanto sigas os superiores, os mestres” - Lama Jamgön Kongtül Thaye.
Quando, nós ocidentais tomamos contato com o Budismo e as demais tradições orientais, observamos como os iniciados se portam frente aos monges e têm uma postura reverencial, como se fossem seus pais ou professores honrados. Essa postura se deve em virtude do relacionamento entre esses monges (monjas), os iniciados e o Dharma mantido e exposto por esses monges. A este fenômeno é nomeado de “Relação Mestre e Discípulo”. Mas o que seria esta relação Mestre e Discípulo? Este fenômeno se expressa por características, que compõe a conjuntura da relação, que dificilmente os ocidentais, homens contemporâneos, defensores das vicissitudes não compreendem, em virtude de suas limitações mentais e do ódio as virtudes e a outras opções de caminhos.
Uma das características que compõe a relação Mestre e Discípulo é que o mestre, seja ele um monge (monja), Dana (professor de Dharma), Abade, patriarca ou Sua Santidade o Dalai Lama, é um professor e um descendente espiritual dos Bodhisatvas e Arharts, que seguiam o Buddha Shakyamuni. Sobre a descendência espiritual, O Venerável Mestre Hsing Yün, nos explica que um (a) monge (monja), que toma os preceitos, mesmos que foram tomados pelos discípulos diretos do Buddha, mantendo os ensinamentos expostos pelo Buddha e seguindo a vida austera que ele e seus discípulos monásticos viveram. E por terem compaixão e bondade amorosa por nós estes homens e mulheres se dedicaram em manter e expor o Dharma, se abstiveram da vida mundana e dedicaram-se a moralidad, a fim de guiar os leigos rumo ao Dharma, ao Nirvana. O outro aspecto do mestre é que é uma pessoa que esta um pouco mais adiantado no caminho da sabedoria, mas é com este professor que devemos aprender o que precisamos saber no caminho Dharma e despertar em nós, discípulos, as potencialidades essenciais. Porém devemos entender que o mestre, ciente de sua condição irá elevar-se, polir-se, na sua própria moralidade e nas virtudes, para eduzir o discípulo nos caminhos do Dharma.. Então este mestre recorrerá aos ensinamentos deixados pelo seu mestre anterior, que está mais adiantado do que ele no Dharma, e recorrerá aos ensinamentos deixados pelos mestres anteriores aos seu mestre. Desta forma voltamos a genealogia espiritual, em que são transmitidos os ensinamentos e as ferramentas para trilhar o Dharma. Com o objetivo de assegurar os ensinamentos corretos, através do exemplo de vida, para o discípulo e que este não se desvie do caminho em que se destina, a sabedoria e ao Nirvana.às vezes o mestre precisa usar o expediente da severidade para corrigir, lapidar e fortalecer o discípulo. A importância do mestre no relacionamento e na transmissão do Dharma se dá em virtude da necessidade de manter acesos os ensinamentos do Buddha, que nos trazem dignidade, sabedoria e felicidade em meio às atribulações de nossas rodas de Samsaras e das ilusões de Maya. Através destas conjunturas que culminam nas ações compassivas e morais dos mestres, que transmitem o Dharma em seus discursos aos discípulos no caminho da sabedoria e da libertação. Com esses atributos o mestre desperta em seu discípulo a admiração e o respeito, que são demonstrados em dois sentimentos: a gratidão e o amor filial ou discipular.´
Outro aspecto importante desta relação é o discípulo que para o seu mestre é um filho espiritual que precisa despertar suas potencialidades (virtudes) e ser lapidado (removida as vicissitudes), pois o discípulo é uma pessoa que busca o caminho para a sabedoria, ele se dedica e se compromete com a disciplina moral transmitida por seu mestre (ao contrário do aluno que não tem comprometimento com a disciplina e nem com a sabedoria, apenas o interessa o conhecimento superficial, para obter algum título - diploma). O discípulo desperta no seu mestre a bondade amorosa a fim de ser instruído nos ensinamentos, com isso desperta nele a esperança da continuidade dos ensinamentos, o Dharma, sendo passado de geração à geração os ensinos, rumo ao infinito. O discípulo evidência ou precisa de três virtudes para a recepção e continuidade dos ensinamentos. Sendo eles a admiração, a investigação e o serviço. Porém o mestre deve ministrar o ensino correto sempre para o discípulo correto, pois tal pessoa deve estar pré-disposta a trilhar o caminho da moralidade e demonstrar respeito, honra e interesse sincero. Não pode ser qualquer um à receber um ensinamento, que não será colocado em prática ou será deturpado. A admiração que evidência a devoção ao mestre, a vida moral deste, e da coerência do ensinamento exposto por esta pessoa mais adiantado que ele no caminho da sabedoria e do Dharma. O discípulo ouvirá e internalizará o ensinamento. A investigação é a virtude de analisar e comparar os ensinamentos expostos a fim de aferir a veracidade do ensino exposto e, assim, aprender com o mestre. O serviço, logo após a investigação, é a prática do ensinamento revelado pelo mestre, no intuito de trilhar as sendas da sabedoria e viver com plenitude e dignidade. Assegurando a continuidade dos ensinos. O discípulo também precisa ter humildade para aprender. Esta humildade é a contemplação e a compreensão de todas as naturezas e fenômenos ocorridos. Não é a contemplação de nossas impotências como no dizia Friedriech Nietchze. Desta forma mestre e discípulo são jóias preciosas no Dharma.
Um dos maiores problemas na falta de compreensão desta Relação Mestre e Discípulo são as distorções dos homens contemporâneos, que em suas iconoclastia e incompreensão rejeitam os mestres e os ensinamentos transmitidos por eles, afirmam-se como seus auto-mestres e promovem o desrespeito e o caos na sociedade. Precisamos ter em mente que os homens que desejam se iniciar em um conjunto de ensinamentos em algum momento precisaram de um mestre para guiá-los nestas trilhas e com isso ter a humildade para aprender com quem sabe. Assim como a arrogância de homens contemporâneos que desqualificam os mestres, os ensinamentos, por amor a imoralidade, a amoralidade e as atitudes desrespeitosas, com o intuito de manter as vicissitudes, justificando-as como “erros mínimos” e prosseguimento destes erros, e atrair demais pessoas para suas hostes oclocráticas e oligofrênicas. Mas que devido a suas infantilidades buscam a atenção de todos em virtude de sua carência e buscam através da piedade alheia a atenção e uma forma de “carinho”. Porém os homens em busca do Dharma se voltam sempre para aqueles possuidores de virtudes a fim de crescer e se elevar nos caminhos da virtude, da sabedoria, da redenção e da plenitude do Dharma, além de nos colocar no caminho da civilização e nos forma a Paidéia.

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