sexta-feira, 5 de julho de 2013

A criação do Universo segundo o Budismo, o Hinduísmo e o Neo-platonismo.

Como se deu o surgimento do Universo, segundo o Hinduísmo e o Budismo? E como o Neo-platonismo explica este processo? Segundo a Teogonia Védica do Hinduísmo o Universo surgiu da respiração de Bhraman (o supremo Criador), que a cada movimento respiratório cria (expiração) e destrói (inspiração), formando o espaço – a matéria e as formas – e o tempo. Cada inspiração é um Yuga1 (medida de eternidade do Hinduísmo), assim como um expiração é outro Yuga. Desta forma a criação se dá através de um ato de inteligência, sabedoria e amor, ao passo em que a destruição é um ato de regressar a fonte criadora, gerando a reminiscência e a imanência da origem de um Universo anterior.
Durante a expiração ocorre a formação e a expansão deste universo que é mantido com o auxílio dos Devas (Deuses) oriundos da inteligência e amor, até o momento da decadência vivenciada, finalizando um Yuga a fim de começar outro a partir da decadência, que gera a destruição – o momento de inspiração do Bhraman – que são absorvidos até formar um novo ciclo respiratório. Já para o Budismo, o Universo sempre existiu e sempre existirá, pois a teoria búdica nos afirma da possibilidade de um Passado sem Início. Em virtude da Gênese Condicionada, ou seja, todos os fenômenos precisam de condições para se manifestar.
Outra questão relacionada a criação ou Gênese Condicionada é a importância que o Budismo dá as gêneses menores e as pequenas catástrofes que geram os elementos necessários para o surgimento/manifestação dos fenômenos. Porém, também, contempla as grandes Gêneses Cósmicas, assim como as inúmeras destruições estelares e as relacionam com a dinâmica da mente humana na contemplação destes ciclos infinitos de ascensão-apoteose-queda. Pois para o Budismo todos os fenômenos estão relacionados entre si, sendo assim a manifestação do efeito se dá através da causa e das condições necessárias para o surgimento desse.
A partir deste momento ao falarmos sobre a Lei de Causa e Efeito e relacionamos com a respiração do Bhraman, que é a manifestação da Vontade Primordial nestes ciclos eternos, falamos, então de Dharma, que esta imanente em todas as coisas e em todos os fenômenos. Através da analise comparativa podemos compreender os ciclos infinitos de geração/criação e mutação/destruição, porém a destruição não significa aniquilação absoluta de algo, mas de uma mudança de uma transformação que libera os elementos parea serem gerados outros seres, formas e fenômenos.
Segundo Plotino (filosofo Neo-platônico) ao falar sobre a formação ou criação do Cosmos, que ocorre através da interferência do Theos (a Inteligência) sobre o Caos. Este por sua vez é um ponto em que se condensa tudo o que conhecemos e que não conhecemos. O Caos sobre a influência do Theos, libera seu conteúdo expandindo-se e sendo ordenado pelo Theos formando o Cosmos (o Universo), que se destruirá através da dispersão, não da aglutinação. Porém, os elementos desta dispersão alcançam um estado semelhante ao Caos, que sofre a intervenção do Theos, formando assim um novo Cosmos. A partir desta observação e comparação destes conhecimentos profundos podemos ressaltar que as eternidades são presentes nos ciclos constantes de geração e transformação e das sutilezas das impermanências sobre os fenômenos, sejam eles grandes ou pequenos.
Palestra proferida no Sarau das Idéias, em Nilópolis, dia 10 de março de 2013. 1 - Significa Era em sânscrito.

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