terça-feira, 9 de julho de 2013

Fé, fanatismo e convicção no cenário atual. - Apesar de vivermos em uma sociedade multicultural e com várias religiões assistimos horrorizados o fenômeno cíclico do fanatismo.

No cenário atual, pelo menos no Brasil, a religião ou as religiosidades estão em evidência no panorama cultural. Porém as pessoas demonstram um descontentamento com as religiões em virtude das atitudes erradas e das deturpações dos conceitos originais que compõe a Religião. Vivemos em um país que tem uma pluralidade de religiões, que buscam através de suas mensagens conectarem os homens com o divino, ou seja, sua natureza sagrada e elevada. E através destas mensagens ocorre a manifestação da fé. Fé é acreditar em algo ou em alguma coisa e torna-se o veículo que liga os seres humanos com a centelha divina, que habita em cada um dos homens, ou seja, sua essência sagrada. A fé é um fenômeno subjetivo que pode ser explica através da psicologia, sociologia, História Cultural e pelo Estudo Comparado das religiões.
O estudo das doutrinas e o Estudo Comparado das religiões são investigações realizadas pelos discípulos ou iniciados a fim de compreender a fé e consolida-la dentro de si, adquirindo de forma racional, intuitiva e civilizatória, a Convicção. Ter convicção é estar seguro do caminho a ser percorrido, sempre de forma clara, calma, pacífica e tolerante. Pois o convicto tolera as diferenças aceitando-as de forma sábia, pois compreende os outros e respeita os ritmos, os espaços e as opiniões alheias.
O Buddha Shakyamuni, através de seus discursos, incentivava os discípulos e seguidores a testarem à veracidade dos ensinos pregados por ele, ou seja, os seus discípulos deveriam investigar a aplicação e as verdades daquilo o que estava sendo pregado. Assim como, solicitava aos discípulos a valorizarem os Dharmas expostos em outras linhas de pensamento. Quem tem Convicção respeita a liberdade religiosa e agrega os ensinos bons a sua vida. Ao passo que o fanatismo, que é a raiz da tirania e da intolerância, se torna um ataque à civilização, à convivência e uma aberração aos ensinamentos expostos pelos sábios e pelos Avatares.
Para o fanático não há outra opinião que não a dele, torna-se impossível manter um dialogo com um fanático, pois discursa em alto volume os seus “conceitos” e escarnecendo dos seus debatentes, ou seja, não existe o dialogo, mas dois monólogos ou a imposição de idéias. O fanático é o fruto da imposição de doutrinas deturpadas e simplificadas, somadas à castração dos processos investigativos, à ignorância, medo e preguiça mental. Dentro do fanatismo não ocorre à investigação, pois se incentiva o pouco raciocínio e o afloramento das paixões. Em virtude desses fatores muitos crimes, excomunhões, execrações, desrespeitos e escárnios são cometidos.
E no cenário multi-religioso tem ocorrido o fanatismo devido à ignorância e aos pensamentos tortuosos dos povos do Brasil. Porém, este fenômeno é cíclico e já ocorreu outras vezes. A única saída é buscarmos a convicção e a tolerância. Como disse uma vez no filme Ágora2: “Há mais coisas que nos une, do que nos separam”3.
1 - Avatar (sanscrito) - Descido dos Céus. 2 - Filme de Alejandro Amenabar (2010), veio para o Brasil com otítulo de Alexandria. 3 - Frase extraída do Filme Ágora e atribuida a Hipátia de Alexandria.

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